quarta-feira, dezembro 27, 2006

Casa nova

Meu saite pessoal mudou de endereço recentemente. Se o Insular é o espaço em que trato de assuntos ilhabelenses, o Gropius é onde trato de todos os outros assuntos -- os não-ilhabelenses.

Quem quiser conhecê-lo, clica aqui:

http://gropius.freehostia.com

Como de costume, comentários, críticas e sugestões são bem-vindos, aqui ou lá.

A todos, muito obrigado.

terça-feira, dezembro 26, 2006

Muito barulho por nada

Lanchonete da rede Bob's em Ilhabela é motivo de comoção, gritaria, ranger de dentes. Não que isso tenha se tornado público a ponto de ser preocupante, mas no Orkut já há até campanha de boicote e ameaças de vandalismo.

Sinceramente, é muita veadagem para algo insignificante. As coisas são muito mais simples: não gosta, não compre. Eu, pessoalmente, prefiro o cachorro-quente do Hot, na feirinha da rua São Benedito.

O único fato digno de menção é a respeito dos preços. Bob's é uma rede nacional de lanchonetes junk-food. A qualidade dos produtos, ipso facto, é garantida e idêntica em todas as lojas da rede. Supõe-se que os preços também sejam, certo? Errado. Em Ilhabela, o Bob's pratica preços ilhabelenses, que nesta época do ano são cerca de 50% maiores do que no resto do país.

Na minha opinião, um lugar que ainda estoura fogos de artifício durante quase todo o verão com o propósito de agradar turistas, merece ter junk-food pelo dobro do preço, com o mesmo propósito de agradar turistas. Se vier McDonald's, melhor ainda. "Menas" algumas árvores na Praça Coronel Julião, estará feita a conversão total da Vila em um posto avançado da capital paulista. Os turistas agradecem, os moradores babam o ovo e os políticos contam os dias que faltam para 2008 chegar.

Tarifa diferenciada por que?



Em temporada, o assunto travessia sempre retorna. Mas há uma pergunta que parece até meio estúpida porque até agora ninguém a fez:

Por que a tarifa da balsa é mais cara aos finais-de-semana?

A resposta mais comum é aquela que diz que a tarifa é mais cara aos finais-de-semana porque supõe-se que quem utiliza o serviço nesses dias não tem as mesmas necessidades das pessoas que o utilizam nos dias de semana. Basicamente, essa explicação é de uma estupidez gigantesca, porque sugere que todas as tarifas de transporte público adotem a mesma prática, já que a todas elas essa justificativa poderia ser aplicada. Imagine usar ônibus em São Paulo a R$2,30 nos dias de semana e a R$3,50 nos finais-de-semana -- é mais ou menos essa a proporção entre as duas tarifas da travessia em Ilhabela.

Outra resposta menos comum é aquela que diz que o uso aos finais-de-semana é mais turístico e que turistas, por definição, podem pagar o preço. Esta explicação equivale à anterior, com o agravante de fazer discriminação entre turistas e moradores e, possivelmente, entre turistas endinheirados e pé-rapados.

Independentemente de qual seja a resposta, as que encontrei até agora não podem ser consideradas razoáveis, tampouco suficientes para justificar essa prática imbecil. Fica a pergunta no ar, à espera de resposta.

sexta-feira, dezembro 15, 2006

Os fogos e as andorinhas de Ilhabela



Danilo Giamondo, da ONG AMAILHA nos lembra de um aspecto fundamental na questão dos fogos de artifício:

"Algo mais real de ser discutido... se é que alguém se importa Se o fato abaixo acontece no centro da cidade, imaginem o reflexo na mata...! Como é sabido, anualmente recebemos diversos navios de cruzeiros que trazem turistas e desembarcam no centro de Ilhabela para uma visita a nossa cidade. É certo que a cada parada é cobrada uma taxa de desembarque por passageiros que deveria ser melhor utilizada pela administração pública.

"O fato é que para satisfazer o ego de alguns cegos, o município contrata e ou permite queima de fogos com a finalidade de desejar boa viagem aos turistas que estão nas embarcações. Ninguém percebeu ainda a agressão real que o barulho gerado por essas queimas de fogos normalmente tarde da noite, afugentaram as andorinhas que estavam alojadas para reprodução embaixo do telhado da câmara municipal.

"Para quem desconhece o assunto, as andorinhas são aves migratórias que anualmente migram do Canadá até o nosso litoral para reprodução e voltam ao país de origem para início do novo ciclo migratório. As aves de modo geral necessitam manter os ovos e os filhotes aquecidos durante a noite e período de chuva e frio. Contrariando a ignorância de alguns que alegam que as aves interpretam o barulho da mesma maneira como se fosse trovada, afirmo que as aves pressentem as trovoadas e se adaptam a situação da chuva e não conseguem se prevenir quando um imbecil resolve queimar fogos para dar tchauzinho a turistas. As aves abandonam assustadas seus ninhos e no escuro não conseguem voltar para a proteção dos filhotes e ovos ocasionando a morte dos mesmos.

"É simples, basta observar o ambiente no momento da queima de fogos ao invés de observar a luminosidade colorida gerada. Pratico isso todos os dias quando há navio ancorado no centro de Ilhabela e faço questão de mostrar aos mais jovens que por ali estão, já que é mais fácil educá-los do que contar com o bom senso dos adultos."

segunda-feira, dezembro 11, 2006

Aberta a temporada de estupidez

Esse fenômeno de estupidez já foi objeto de um post neste blog, no verão passado. Se o fenômeno se repete, repete-se o post -- senão na íntegra, ao menos no conteúdo.

23:45 da noite de domingo, dia 10 de dezembro. Logo depois dos sinais de partida de um dos primeiros navios da temporada 2006-2007 estouram os fogos de artifício da Prefeitura Municipal de Ilhabela. Nesta hora é adequado deixar a formalidade de lado e dizer, com todas as letras, que se trata da coisa mais estúpida que o poder executivo municipal poderia fazer -- e repetir -- em ocasião dos navios de passageiro.

Enquanto o poder público faz um agrado pirotécnico para os passageiros dos navios, as pessoas que vivem na Vila e arredores tentam dormir.

Ficam valendo todas as perguntas e afirmações que fiz antes.

segunda-feira, dezembro 04, 2006

Livros à venda



Estou vendendo alguns livros de minha coleção. Quem tiver interesse em algum título, contate-me pelo e-mail christiandrs@gmail.com


FILOSOFIA

BENOIT, Hector. Sócrates: o nascimento da razão negativa. Moderna. R$10,00

CÍCERO. Saber envelhecer (seguido de A amizade). L&PM Pocket. 1997. (Papel jornal) R$8,00

DURANT, Will. A Filosofia de Nietzsche. Ediouro, Os Grandes Filósofos. R$8,00

EMERSON, Ralph Waldo. Conduta para a vida. Martim Claret, Coleção A Obra-Prima de Cada Autor. 2003. (Novo; coleção de conferências de Emerson) R$8,00

EMERSON, Ralph Waldo. Homens representativos. Ediouro, Clássicos de Bolso. (Breves biografias de homens célebres, escritas pelo genial transcendentalista) R$12,00

NAGEL, Thomas. Uma breve introdução à filosofia. Martins Fontes. 2001. (um dos volumes da mesma coleção que inclui o Pequeno Tratado das Grandes Virtudes) R$12,00

NIETZSCHE, Friedrich. A Gaia Ciência. Martim Claret, Coleção A Obra-Prima de Cada Autor. 2005. (Novo) R$8,00

NIETZSCHE, Friedrich. Assim falou Zaratustra. Martim Claret, Coleção A Obra-Prima de Cada Autor. 2001. (Novo) R$8,00

NIETZSCHE, Friedrich. Más allá del bien y del mal. M. Aguilar. 1947. (Em espanhol, um dos volumes das obras completas de Nietzsche publicadas na Argentina nos anos 40) R$25,00

PLATÃO. Apologia de Sócrates. Escala, Coleção Mestres Pensadores. (Novo; papel jornal) R$6,00


ROMANCE

AZEVEDO, Ricardo. Lúcio vira bicho. Companhia das Letras. 1998. (Novo; literatura infanto-juvenil) R$9,00

GIDE, André. Pântanos. Civilização Brasileira. 1972. R$12,00

HESSE, Hermann. Este lado da vida. Civilização Brasileira. 1977. R$15,00

HESSE, Hermann. Gertrud. Civilização Brasileira. 1972. R$10,00

HESSE, Hermann. Knulp. Civilização Brasileira. 1970. (Capa dura) R$15,00

HESSE, Hermann. Pequenas Alegrias. Record. 1977. R$12,00

HESSE, Hermann. Rosshalde. Civilização Brasileira. 1972. R$10,00

HESSE, Hermann. Sobre a guerra e a paz. Record. 1974. R$ 10,00

JABOR, Arnaldo. Eu sei que vou te amar. Círculo do Livro. 1990. (Capa dura; livro com o roteiro do filme homônimo) R$12,00

KEROUAC, Jack. O livro dos sonhos. L&PM Pocket. 1999. (Papel jornal) R$10,00

SARTRE, Jean-Paul. A idade da razão. Difusão Européia do Livro. 1961. (Caindo aos pedaços, mas com o texto integral) R$4,00


ORIENTAIS

ATTAR, Farid Ud-Din. A Conferência dos Pássaros. Cultrix. 1993. R$10,00

HUA, Ellen Kei. Meditações do Kung Fu e sabedoria chinesa proverbial. Ediouro. 1982. (Coletânea de provérbios taoístas e confucionistas) R$6,00

I CHING: mensagens para crescimento pessoal. Caras, Coleção Caras Zen. 2004. (Novo; uma versão enxuta do clássico chinês, ideal para consultas rápidas) R$4,00

MUSASHI, Miyamoto. O livro dos cinco anéis. Madras. 2004. (Novo) R$12,00

YUTANG, Lin. A importância de viver. Círculo do Livro. (Capa dura) R$15,00


COLEÇÃO PRIMEIROS PASSOS

COSTA, Caio Túlio. O que é anarquismo. Brasiliense, Coleção Primeiros Passos. 1985. R$8,00

PEREIRA, Carlos Alberto M. O que é contracultura. Brasiliense, Coleção Primeiros Passos. 1986. R$8,00


NUTRIÇÃO

HOLMES, Charlotte. Os campeões são vegetarianos... e você?. Casa Publicadora Brasileira. 1998. (receitas vegetarianas) R$12,00

KUSHI, Michio. Culinária Macrobiótica: princípios e técnicas. TAO. 1980. (receitas macrobióticas) R$8,00


POLÍTICA

MELLÃO NETO, João. Loreley e a condição humana: a democracia no Brasil e no mundo. Siciliano. 1995. (João Mellão Neto escreve no jornal O Estado de São Paulo e foi eleito recentemente deputado estadual) R$12,00


DICIONÁRIO

Pequeno Dicionário Michaelis Espanhol-Português-Espanhol. Melhoramentos. 1992. (Novo) R$10,00


MANUAL

CALDER, Julian. Manual de Fotografia 35mm. Círculo do Livro. 1982. (Capa dura; mesmo em tempos de fotografia digital, o manual, ricamente ilustrado, é um bom referencial para fotógrafos amadores) R$35,00

PIN, Tien. Feng Shui: o caminho do meio. Nobel. 1999. R$16,00


HUMOR

SARRUMOR, Laert. Mil Piadas do Brasil. Nova Alexandria. 1998. R$16,00


FRASES

COELHO, Paulo. Frases: 106 reflexões dos guerreiros da luz. Ediouro. 1995. (Novo; frases extraídas das obras de Paulo Coelho) R$4,00

A semana

Transporte alternativo-coletivo -- vereador quer liberar-o-geral no transporte alternativo-coletivo de Ilhabela. Cidadãos acham bom, desde que o transporte alternativo-coletivo passe na porta de suas casas -- obóvio. Transporte alternativo levado a sério nesta cidade seria uma ciclovia decente. O resto é populismo. Alguém lá no fundo mandou perguntar: cadê a barquinha?

Lama -- a coisa é bem simples: vão estudar, vão. Não é que o erro não deva ser punido, é apenas que não é você que vai determinar ou executar a pena. E se você não estuda, sua participação vale tanto quanto a participação do mosquito que zune no ouvido de quem escondeu dinheiro sabe-se lá onde. Roubou, desviou, pouco importa se você não consegue ser menos pragmático, menos prático, menos cínico do que aqueles que roubaram "só um pouquinho". Que você esteja certo neste momento, quando defende punição para os culpados, veja bem, é mera coincidência, não o resultado de esforço e estudo. Ademais, em tempos de mega-informação, tudo é circo.

Res publica -- aliás, dinheiro público não é aquele que pertence a todos. Uma das bases do estado de direito é a existência de um poder público que faz o que bem entender com o dinheiro colhido dos cidadãos. Digo isso para aqueles que chegaram a pensar na roubalheira pública como razão para defender o seu, independentemente dos meios, dos princípios e dos fins. Roubalheira política é razão para fazer cabeças rolar, mas nunca vai ser razão suficiente para que o dinheiro que lhe foi confiscado através dos impostos volte para o seu bolso. Se houve a roubalheira, é tarde para reaver o dinheiro, mas nunca para reaver a dignidade política.

Eufemismo -- em tempo, desviar dinheiro é a mesmíssima coisa que roubar dinheiro.

Futuro -- alguém olha para Ilhabela e consegue ter esperanças, de verdade?

Na calçada -- em minha humilde opinião, todo o executivo municipal deveria trabalhar na calçada. Se é verão, um guarda-sol resolve. O vice-prefeito está apenas dando o exemplo e neste particular está coberto de razão.

terça-feira, novembro 28, 2006

Artigo de novembro



Em meu saite pessoal pode-se ler Capitalismo saudável, meu artigo de novembro no Jornal da Ilha.

Não é de bom tom ter rusgas com colegas de jornal, mas devo dizer aqui que este artigo foi escrito como resposta a dois artigos publicados na edição de outubro do JI. Os autores -- cujos nomes não é necessário citar neste blogue -- repetiram um dos velhos jargões da esquerda: o capitalismo é responsável pelos males do mundo. Esta idéia oferece uma única conclusão: se o capitalismo é o próprio tinhoso na Terra, é necessário expurgá-lo. E ao expurgá-lo sobra seu antagonista, socialismo ou comunismo, como o queiram chamar.

Se a defesa aberta de ideologias sanguinárias pode ser malvista, come-se pelas bordas, isto é, eliminam-se seus antagonistas. Pode-se vencer usando as próprias qualidades ou eliminando os opositores. No Brasil, é fácil perceber qual a estratégia que as esquerdas preferem. 

E o que isso tem a ver com Ilhabela? Tudo. Se a idéia da vilania do capitalismo foi novamente impressa nas páginas de um jornal local, tem-se a certeza de que ela também circula entre as gentes -- não sem danificar algumas mentes.

*
Aliás, em tempos de CPI, fica ainda mais clara uma das idéias que costumo defender: não são os sistemas que causam pobreza e violência, mas sim as pessoas, o desvio moral, a ausência de caráter. No mesmo ambiente capitalista há ladrões incuráveis e trabalhadores honestos. O que os diferencia?

domingo, novembro 12, 2006

Não vale a pena ver de novo - parte II



É claro que uma informação não-oficial estava sujeita aos riscos de não vingar e ser tachada de boataria fácil e danosa. Tal era a essência do post Não vale a pena ver de novo

A grita geral nos fora internáuticos contra minha iniciativa ignora uma pergunta importante: e se de fato a Prefeitura pretendesse cortar mais uma árvore na Vila?

Aparentemente a intenção existiu. E qualquer empreendedor que olhe para a falsa-seringueira sobrevivente na Praça Coronel Julião decerto pensará nas inúmeras possibilidades de fazer algo com o espaço que surgiria com o corte daquela árvore. Digo isso porque eu, que não sou exatamente um leigo, pensaria em possibilidades desse tipo, se acaso me fosse dada a ingrata tarefa e se fosse do tipo que anda para árvores exóticas só porque são exóticas. Sei que há muita gente assim em Ilhabela.

*
A propósito, comentários anônimos não serão sumariamente apagados -- não obstante a obrigação moral que eu teria de fazer isso --, mas provavelmente serão ignorados. Eu me disponho a comentar e discutir todos os comentários, desde que os comentaristas se disponham a comentar em pé de igualdade comigo, isto é, dando nome e um e-mail válido exatamente como faço neste blog. Se não são capazes de fazer isto, é realmente melhor que continuem se escondendo. Quando alguém diz que apóia a atual administração municipal, sai em sua defesa e não é capaz de se identificar, já disse o essencial. 

Esgoto



Deu no Estadão de hoje:
Litoral norte só trata 28% do esgoto

Situação é pior em cidades que estão entre as que mais crescem no Estado, como São Sebastião e Ilhabela.

O problema já foi objeto de dois posts neste blog. Para quem crê que é apenas uma questão de saneamento básico, devo lembrar que não é. Em Ilhabela, a falta de saneamento básico e de uma rede de esgoto e tratamento decentes significam três coisas: 1) esgoto clandestino circulando pela cidade; 2) esse esgoto chegará às praias na primeira chuva que vier; 3) praias poluídas não afetam somente a saúde de turistas e habitantes, afetam também a economia da cidade. 

Cidades maiores do litoral paulista já perceberam a equação que diz mais esgoto sem tratamento = menos turistas = menos dinheiro,  e se esforçam para resolver esse problema. Ilhabela e São Sebastião, por uma série de razões que não pretendo discutir agora, parecem estar na contramão desse processo, apostando talvez na exuberância natural que continua a atrair turistas.

Na dúvida, evito nadar nas praias daqui até que os boletins da Cetesb demonstrem que algo está mudando -- para melhor. 

segunda-feira, novembro 06, 2006

Prefeitura de Ilhabela apura fraude em folha de pagamento

Via VNews:
A Prefeitura de Ilhabela está investigando o desvio de verba pública no município. A fraude foi encontrada na folha de pagamento da prefeitura. A comissão que investiga o caso é formada pelos Secretários de Finanças, Administração e Assuntos Jurídicos e o Depatarmento de Recursos Humanos da prefeitura.

Segundo a comissão, eram emitidas duas folhas de pagamento por mês. Uma delas continha o salário real dos funcionários. A outra ia para os bancos com valores a mais, que eram depositados nas contas. Em alguns casos esses valores chegavam a ser maiores que os salários. Um dos funcionários, por exemplo, deveria receber em agosto, R$ 1.634, mas foram depositados R$3.400. Outro chegou a receber dois pagamentos em um único mês.

Quando a investigação começou, em agosto, todas as gratificações foram cortadas. A folha de pagamento de setembro teve uma redução de R$ 64 mil.

Uma funcionária, que emitia a folha pagamento, foi afastada do cargo até que o fim da sindicância seja concluída. De acordo com o marido, ela viajou e vai passar esses dias fora e não quer comentar o assunto.

O vice-prefeito disse que espera ver o caso esclarecido.

Segundo o secretário de Assuntos Jurídicos de Ilhabela, os funcionários que receberam mais que o valor devido, terão que devolver o dinheiro para a prefeitura.

terça-feira, outubro 31, 2006

Três cidades contra a verticalização

"(...) Com apenas 25 mil habitantes, Ilhabela possui a legislação mais restritiva da região. O Plano Diretor, já aprovado pela Câmara e sancionado pelo prefeito Manoel Marcos Ferreira (PTB), manteve o limite de 8 metros de altura para todas as construções da cidade, mas a partir de 10 de janeiro, quando a lei entra em vigor, a medição será feita a partir do traçado natural do terreno. Na prática, impede-se que uma casa tenha mais de 8 metros em razão dos pilares de sustentação construídos em locais acidentados, uma prática muito comum na cidade. Os chamados pilotis passam a fazer parte do cálculo do gabarito e não podem ser maiores que 3,5 metros. 'Havia desrespeito ao limite previsto por causa dos pilotis. Agora todas as construções serão padronizadas', afirmou o prefeito. Ferreira se diz 'totalmente contrário à verticalização do litoral norte'. Segundo a secretária municipal de Meio Ambiente, Maria Inez Fazzini, Ilhabela não tem condições de suportar um processo de adensamento populacional. 'Temos só 6% de esgoto tratado e 85% da nossa área está dentro do Parque Estadual de Ilhabela. Não há como crescer.' (...)"

A íntegra da matéria pode ser lida no Estadão de hoje.

segunda-feira, outubro 30, 2006

Estude

Aqui, meu artigo no Jornal da Ilha deste mês. 

segunda-feira, outubro 16, 2006

Política insular

O artigo abaixo deveria ter sido publicado no Jornal da Ilha deste mês. Poucos dias antes do deadline fui avisado de que o prefeito e o vice-prefeito se entenderam e a sala do vice-prefeito foi reativada, o que invalidava um terço do que eu havia escrito. De minha parte, fico satisfeito que isso tenha acontecido, não obstante a necessidade de mudar o que escrevi -- quem ler o Jornal da Ilha deste mês verá que escrevi um artigo completamente diferente, que não diz respeito aos fatos mencionados aqui -- e não obstante o fato de que esse entendimento não modifica o mal-estar que aconteceu, cujas seqüelas serão melhor percebidas na próxima eleição municipal.

Além disso, é sempre curioso perceber como a política é o território da inconstância. Não há estudo, não há reflexão, há apenas a reação circunstancial, cujas bases incluem tirar o melhor proveito pessoal possível de cada situação. Nada além disso. Interesses públicos? Somente aqueles que se transformarem em votos mais tarde.

É bom que a maioria dos candidatos do litoral norte paulista tenha sido recusada nas últimas eleições. Eles mereceram.

Eis o artigo que não houve.


Política insular


A política local não vale o esforço de criticá-la. Repito isso a mim mesmo diversas vezes por dia na esperança de abandonar o assunto, mas não consigo. As eleições deste ano mostraram a importância de cumprir a promessa e me preocupar com coisas mais importantes, como a manutenção da minha bicicleta e o desempenho da Lusa na segundona, mas tive que reavaliar minha decisão quando lembrei que parte do meu
dinheiro vai parar no bolso de pessoas em quem eu não votei e que essas pessoas conseguem ser menos inteligentes do que eu. É dor demais para quem não acredita em democracia.

Alguns fatos merecem reflexão e podem servir de alerta prematuro ao que virá nas próximas eleições municipais. Ficarei feliz se as próximas linhas servirem de matéria-prima para que algo de bom aconteça na política local. Vejamos:

1) Pode parecer banal, mas a desavença entre prefeito e vice-prefeito revela o descaso pelos assuntos públicos. A sala do vice-prefeito está vazia e trancada. Não sei de quem é a culpa, mas a desunião de duas importantes figuras do executivo municipal deixa claro que os interesses pessoais foram colocados acima dos interesses públicos. Eu entenderia uma sala vazia se se tratasse de uma união conjugal, mas não a entendo no caso de uma união política, que é sempre explicada pelo interesse comum de trabalhar pela sociedade e de beneficiá-la e que, quando termina, raramente encontra explicação.

2) A deformação da Praça da Bandeira, assunto de que tratei em meu artigo anterior neste Jornal da Ilha, foi uma decisão política. Uma decisão política é aquela que só é comunicada aos cidadãos quando já é tarde demais, geralmente nas páginas do mirrado Diário Oficial,
veículo tão popular quanto um jornal de mural de escola. A decisão de derrubar três grandes árvores demonstrou que os políticos de Ilhabela não dão a devida importância à opinião popular, não sabem o que é paisagem ou não consideram a Praça da Bandeira um lugar importante. Eu aposto nas três hipóteses.

3) Vereadores, que costumam se eleger com o argumento de serem a
sua voz na Câmara Municipal, não se pronunciaram sobre os dois assuntos acima mencionados – entre tantos outros assuntos fundamentais para Ilhabela. A reforma na Praça da Bandeira foi ignorada pelos vereadores. Por que?

4) A despeito da qualidade do Plano Diretor, aprovado recentemente, a maioria dos vereadores não tinha conhecimento prévio do que iria aprovar. Embora o Plano Diretor tivesse sido elaborado por profissionais competentes, alguns dos responsáveis por sua aprovação não o conheciam, não se dispuseram a estudá-lo e, por isso, não tiveram condições sequer de compreender algumas propostas e conceitos contidos nele.

Alguns poderiam dizer, à maneira de Stanislaw Ponte Preta, que de onde menos se espera, daí é que não sai nada mesmo. Num país em que o governo federal é exemplar na roubalheira, soa ingênuo cobrar algo de alguns políticos, como se eles pudessem fazer algo além de apertar botões (sim/não), assinar papéis e, em ano eleitoral, gastar o que não
têm.

Políticos são responsáveis pelos interesses públicos. Se me deparo com um político que conhece o Plano Diretor menos do que eu, que preza a Praça da Bandeira menos do que eu, que não se escandaliza e que silencia diante da divisão dentro do poder executivo municipal, então sou obrigado a concluir que algo está errado, sobretudo porque todo político é pago para conhecer detalhadamente as leis do município, para zelar pela memória e pela paisagem do município e para se preocupar com a instabilidade nas instituições públicas.

Não me importa quem são as pessoas. Algumas delas conheço pessoalmente e prezo-as como a todo cidadão que trabalha para que Ilhabela seja um lugar bom também para seus bisnetos. O que me importa é que essas pessoas cumpram suas obrigações, cumpram aquilo que seus títulos pressupõem. Uma sala vazia numa prefeitura significa desperdício de
dinheiro público. A indiferença diante da destruição da paisagem e da memória ilhabelenses significa descaso com a memória de cada cidadão.

A essas pessoas seria excelente um dia de estudo por semana para ler alguns livros da Biblioteca Municipal – por exemplo,
Política, de Aristóteles, e Tratado da Correção do Intelecto, de Spinoza. A cidade ganha mais quando um incompetente fica em casa estudando. Acho que foi o diplomata Meira Penna que disse "quando Brasília dorme, o Brasil cresce"; às vezes temo que algo parecido valha para Ilhabela.

Quem não sabe ser melhor do que seus eleitores no trato dos bens e interesses públicos, quem não consegue cumprir as obrigações morais de um cargo político, tem de ser humilde para reconhecer tais coisas e dedicado para estudar e para se aperfeiçoar como cidadão.

terça-feira, outubro 03, 2006

Não vale a pena ver de novo


Eu já vi esse filme. Não quero ver de novo.

A informação não é oficial, mas veio de fonte segura.

Como parte das obras de reforma da Vila, a Prefeitura, através de sua Secretaria de Obras, planeja modificar também a Praça Coronel Julião, situada na entrada da Vila, diante do Fórum, restaurado recentemente.

Entre as modificações previstas estão a construção de uma concha acústica, conforme vocação desenvolvida nos últimos anos nesse lugar, e o corte da falsa seringueira situada numa das esquinas da praça (perto do Bradesco e do Bar Tamandaré).

A Prefeitura já cometeu um erro grave ao cortar três árvores dessa espécie na Praça da Bandeira. Pretende repetir o erro, desta vez na Praça Coronel Julião. Valem aqui todos os argumentos que apresentei neste blog sobre o corte dessas árvores, bem como os dois artigos que escrevi e publiquei nos jornais da cidade (este e este).

Errar é humano. Persistir no erro é burrice. Vindo do poder público, que tem a obrigação moral e legal de acertar (e é bem pago para isso), seria uma burrice imperdoável.

Sinceramente, eu gostaria que isso fosse apenas boato. Ficarei feliz se a Prefeitura vier a público para desmentir este post -- para isso a área de comentários deste blog está à disposição, bem como o meu e-mail. Senão, algo precisa ser feito.

domingo, outubro 01, 2006

Eleições 2006

Este ano, como no ano passado, trabalhei como mesário na Escola Mércia-não-sei-das-quantas, no Saco da Capela. A julgar pelos números de minha seção, nos livraremos do Guia Genial em breve. Seu principal antagonista, Geraldo Alckmin, levou 137 votos, contra 37 do atual ditador. No senado as perspectivas também foram boas, Afif com 125 votos, Suplicy com 20. Em compensação, entre os candidatos à Câmara, Maluf esteve entre os mais votados. Para a Assembléia Legislativa, o mais votado foi o candidato local, Collucci.

Mas minha seção tinha apenas 225 eleitores. E o PT nem tem representação em Ilhabela (felizmente), o que explica o fracasso do Leviatã aqui em além-mar. No continente as coisas são bem diferentes. Mas eu espero que tenhamos um 2º turno, mesmo que isso signifique trabalhar de graça para o Estado mais uma vez.

terça-feira, setembro 19, 2006

Enquete



Criei uma enquete em meu saite pessoal. Asseguro a todos que o assunto em pauta tem muito a ver com Ilhabela. A pergunta que proponho é:

Você acha justo pagar para trabalhar?

Claro que a pergunta é um pouco complexa e tem diversas implicações e desdobramentos. Explico alguns no post que deu origem à enquete. Dêem uma olhada e deixem seus comentários por lá.

A todos, muito obrigado.


terça-feira, setembro 12, 2006

Três assuntos



Plano Diretor


Ao longo deste mês de setembro têm ocorrido reuniões na Câmara Municipal para discussão e, ao fim e ao cabo, aprovação do Plano Diretor. Fui à primeira, não irei às demais. Primeiro porque conheço pouco o Plano Diretor (que pode ser lido aqui).

Segundo porque sinto que serei mais útil estudando as leis municipais detalhadamente (não apenas o Plano Diretor), o que, além de tudo, é uma de minhas obrigações acadêmicas.

Terceiro por causa de uma idiossincrasia do poder público: os vereadores responsáveis pela aprovação do Plano Diretor simplesmente não o conhecem, não o leram, pouco sabem do que se trata. Assim, as reuniões são uma forma de apresentar o Plano aos edis, que invariavelmente são interrompidas com dúvidas elementares. A cada interrupção da apresentação do Plano fica clara a incapacidade de compreensão de alguns dos nossos representantes. E isso, amigo leitor, me dá gastura, muita gastura.

Postei estas linhas no Orkut, vale a pena repeti-las aqui:
Do texto que já foi composto, aparentemente pouca coisa deve mudar com as reuniões. Há alguns pontos polêmicos, como os que estabelecem a criação da "taxa ambiental" (objeto de um outro tópico nesta comunidade) e a criação de sub-centros nas regiões sul e norte, mas no geral o plano é bom -- à parte a pouca capacidade de compreensão de texto por parte de alguns políticos.

É interessante lembrar também que a maior parte das diretrizes propostas com o Plano Diretor já está prevista em outras leis, algumas de âmbito federal e/ou estadual. É o caso da Lei 7.661/88 (Plano Nacional de Gerenciamento Costeiro), uma das bases para muitas diretrizes propostas pelo Plano Diretor.

Leis municipais nunca podem ser menos restritivas do que as leis estaduais e federais. O Plano Diretor de Ilhabela, assim, reforça o que determinam aquelas leis e criam novas diretrizes, orientações e restrições, conforme as particularidades do arquipélago.

Reforma na Vila


Lamentável, lamentável, lamentável. O feriado mostrou a que a reforma veio. Primeiro, a fachada principal da Praça da Bandeira foi tomada pelos carros e não há nada que convide a apostar em mudanças. Segundo, a criação de vagas para carros faz toda diferença do mundo, já que uma zona azul está nos planos da Prefeitura desde o começo deste ano, pelo menos. Terceiro, se a urbanização proposta para a segunda fase da Praça da Bandeira for semelhante à primeira, à Praça da Mangueira ou à Praça do Pequeá (a.k.a. Praça de Eventos Prefeito Roberto Fazzini), estamos f..., digo, perdidos -- como se perder três árvores monumentais não fosse ruína suficiente.

Como disse em meu artigo, de pouco adianta chorar pelo leite derramado. Adianta ficar atento e estudar o assunto que causa comoção e desconforto. A mim, a lambança na Praça da Bandeira serviu como um aviso (mais um...) a respeito do tipo de gente que conduz o município. Como arquiteto e como pesquisador da área de paisagismo sinto-me envergonhado de ver a paisagem da cidade em que vivo arruinada por causa da vaidade de dois ou três políticos.

O mais curioso é observar a grande falsa-seringueira da Praça Coronel Julião (talvez o último grande exemplar dessa espécie na Vila). Será ela a próxima vítima?

Turistas e a malfadada taxa ambiental

Millôr disse, com muita razão, que o turista é o câncer do meio ambiente. Em que pesem a vocação do município e a reafirmação dessa vocação inclusive no Plano Diretor, o feriado de 7 de setembro não deixou dúvidas sobre isso.

A taxa ambiental, que visa inibir o acesso de turistas motorizados a Ilhabela, parece boa para muitas pessoas, inclusive as mais sensatas. Não consigo deixar de pensar em algo que escrevi em 14 de fevereiro deste ano:
Políticos deviam se envergonhar de criar novos impostos. Não apenas porque eles oneram o já sofrido contribuinte, mas porque demonstram a incapacidade dos políticos para resolver os problemas da sociedade sem recorrer à solução fácil e definitiva: meter a mão no bolso alheio.

Não que seja necessário baratear o turismo em Ilhabela -- embora na minha opinião seja, sim. Basta ter um pouco de criatividade. Se o objetivo da taxa ambiental é inibir a entrada de veículos no município, ela já nasceu morta: o alto custo de uma taxa não garante que pessoas evitarão o lugar para evitá-la, garante apenas que pessoas mais ricas acessarão o lugar. Em vez de um congestionamento com Escorts e Unos, teremos um congestionamento com Mercedes e BMWs. E os motoristas não mudarão substancialmente.

O problema do turismo em Ilhabela está vinculado a um tipo específico de turista, como já se discutiu exaustivamente, inclusive no Orkut. Este tipo de turista não é o turista classe A, B, C ou D, mas o turista mal-educado, que existe em qualquer classe. O tipo e o custo do turismo praticado por aqui já fazem as vezes de filtro social. Em vez disso é necessário um filtro moral, que barre a entrada de indivíduos estúpidos no município. Isso nenhuma taxa é capaz de fazer.

domingo, setembro 10, 2006

Artigos de setembro



Em meu saite pessoal, meus dois artigos de Setembro nos jornais de Ilhabela:

A paisagem transformada, no Jornal da Ilha

A paisagem em ruínas, no Jornal do Arquipélago

terça-feira, agosto 29, 2006

Escolhendo um candidato

Para quem vai votar este ano e, como eu, não sabe em quem, este questionário pode ser de grande ajuda -- desde que os candidatos se dignem a respondê-lo.

quarta-feira, agosto 23, 2006

domingo, agosto 20, 2006

Reforma na Vila I


Eu era assim...

A aflição daquele que se comove com o corte de árvores urbanas é análoga ao calculismo de quem planeja o corte. Os dois estão certos e os dois estão errados. Certos em querer defender seus respectivos interesses, porque eles são justos. Errados em ignorar a realidade que é sempre mais complexa do que sugere a percepção de uma pessoa interessada.

No caso da Praça da Bandeira, a complexidade da realidade está nos seguintes fatos:

1) A paisagem urbana não é apenas aquilo que se vê. Há muito mais do que aparência na paisagem.

2) Lugares têm história, mesmo que existam pessoas como, por exemplo, Oscar Niemeyer.

3) Árvores urbanas exigem cuidados, manutenção e planejamento, ainda que a maioria de nós ainda creia na espontaneidade dos ritmos da natureza.

4) O que é antigo não é necessariamente bom.

5) Cortar árvores pode ser necessário às vezes. A possibilidade dessa necessidade aumenta no caso de árvores urbanas.

6) Todo projeto (paisagístico ou arquitetônico) deve considerar dois tempos: o tempo de realização das coisas, o tempo gravado na memória das pessoas.

terça-feira, agosto 08, 2006

Crime e espaço urbano

Vi na TV que um dos mentores dos ataques do PCC havia sido preso no litoral norte. Pensei: "...em Caraguatatuba?". Abri o saite do Imprensa Livre e vi: em Caraguatatuba não, ele foi preso em Ilhabela. A notícia relaciona o criminoso com o assalto ao Banco Bradesco ocorrido em maio, poucos dias antes do primeiro ataque do PCC.

O litoral norte ainda não se acostumou com o crime. Em minha opinião, é uma questão de tempo até que isso ocorra. Alguns indicadores dão validade a esta idéia: ocorrências cada vez mais freqüentes, muros altos, cercas elétricas. E cada vez mais as pessoas se fecham em seus guetos (miseráveis ou luxuosos), deixando a cidade ao léu. Em breve não haverá mais lugar para o cidadão comum. Chegará o dia em que será necessário estar vinculado a uma dessas três forças para circular livremente nas cidades brasileiras: o poder público, o poder do crime ou o poder da blindagem.

O lugar nada significa nessas horas. Tem significado aquilo que é possuído -- daí as cercas, os muros, a vigilância. E assim as cidades se tornam terra-de-ninguém.

O curioso é ninguém perceber a relação entre o uso público do espaço urbano e a presença de criminosos na cidade. Quanto mais condomínios fechados, vigilância e barreiras para evitar o crime, mais liberdade os criminosos adquirem para circular pela cidade e mais insegura ela ficará.

Uma dica: visite a nova Praça da Mangueira, na Água Branca, e veja também os primeiros movimentos da grande reforma na Vila. É bastante curioso perceber a tabula rasa feita nestes lugares. Foram piedosos com as árvores, mas não com as pessoas, não com as memórias. Onde não há memória, não há moral. Onde não há moral, predomina o vício, o crime, o materialismo
hedonista do aqui-agora.

Volto a este assunto em breve. Deixe seu comentário enquanto isso.

domingo, agosto 06, 2006

O mau turista: uma digressão


Cadê o turista que tava aqui?

Menas
, gente, menas.

Convidadas a citar os principais problemas de Ilhabela, muitas pessoas se apressam ao falar do mau turista, do turista porco, do turista mal educado. É mesmo?

Turista que é turista não passa o ano inteiro em Ilhabela. Talvez o mais endinheirado dos turistas passe no máximo 30 ou 40 dias de seu ano nesta cidade. Daí a primeira pergunta:

Será que em 30 ou 40 dias o turista consegue fazer mais estragos em Ilhabela do que o sujeito que vive aqui os 365 dias do ano?

Aliás, será que o turista que pode passar 30 ou 40 dias em Ilhabela é do tipo que faz estragos? Eu duvido que seja. Assim, faríamos a pergunta anterior trocando o sujeito da frase pelo turista que só passa feriados aqui: será que em 10 ou 15 dias o turista consegue fazer mais estragos em Ilhabela do que o sujeito que vive aqui os 365 dias do ano? É claro que não.

Daí a segunda pergunta:

Quando você fala do mau turista, do turista porco e do turista mal educado, você quer dizer que não há nada de errado com o mau morador, com o morador porco e com o morador mal educado? E com a má pessoa, com a pessoa porca e a pessoa má educada, algum problema?

Percebeu?

Sim, sim, minha gente. Turistas porcos são um problema — assim como o morador porco, o arquiteto porco e o estudante porco. Pessoas porcas são um problema, em qualquer lugar, em qualquer condição, assim como as pessoas más ou as pessoas mal educadas.

Uma pessoa me diz que os moradores têm mais consciência, não deixam lixo nas praias etc. e tal. É verdade: eles preferem esportes mais radicais, como lançar esgoto em córregos, deixar lixo e entulho em ruas e terrenos baldios e erguer construções irregulares (em favelas ou condomínios).

Mas o problema, de verdade, é culpar sempre os outros.

terça-feira, agosto 01, 2006

Ciclovia

Enviei o seguinte e-mail à Divisão de Trânsito de Ilhabela. Espero, sinceramente, que ele não seja ignorado.


Prezado sr. diretor,


talvez a baixa temporada seja um momento oportuno para discutir alguns assuntos que em outras épocas do ano ficam em segundo plano. A despeito do bom trabalho desenvolvido
pelos profissionais do trânsito de Ilhabela, eu, como ciclista, tenho visto alguns problemas na ciclovia tal como ela se oferece ao cidadão atualmente.

O primeiro e mais notável é O FATO DE A CICLOVIA NÃO TER CONTINUIDADE. Como sabemos, trechos não fazem uma ciclovia. O que existe atualmente é bom, mas insuficiente. São especialmente perigosos para todos (ciclistas, pedestres e motoristas) os pontos em que a ciclovia termina (ou começa): invariavelmente os ciclistas usam a rua ou a calçada, misturando-se com pedestres ou automóveis.

Outro problema importante é a PRESENÇA CONSTANTE DE PEDESTRES NA CICLOVIA. Não sei se por falta de informação ou por falta de educação, muitos pedestres fazem questão de andar na ciclovia. Tento às vezes orientá-los, mas já houve quem me respondesse com grosserias ou ameaças de agressão. Percebo que a ausência ou a má qualidade das calçadas em alguns trechos faz com que os pedestres prefiram a ciclovia para caminhar. Mas na maioria dos casos a calçada tem o tamanho necessário e suficiente para a caminhada.

Trechos especialmente problemáticos são o do Morro da Cruz e o da ponte de madeira, no Perequê. São lugares bastante utilizados por pedestres, onde não há calçadas próximas para escape.

O primeiro problema pode ser resolvido com a firme decisão da prefeitura concluir a ciclovia e, quem sabe, estendê-la além dos limites da Vila e da Barra Velha. Esta decisão surge da consciência de que a ciclovia não é meramente uma infra-estrutura de lazer e recreio, mas de trânsito, extremamente útil e que pode aliviar os crescentes problemas de trânsito. Desnecessário dizer que o turismo também poderá ser beneficiado com ciclovias melhores e mais extensas.

O segundo problema se resolve com educação, sinalização e fiscalização.


Percebo que a sinalização existia, mas foi destruída por vândalos; talvez formas alternativas funcionem melhor, como a pintura do piso, à maneira do que é feito em ruas e avenidas. Muitas pessoas andam na ciclovia simplesmente porque demoram a notar que não se trata de um passeio para pedestres. Faixas para pedestres e a palavra "ciclovia" pintada em pontos estratégicos do piso podem ser formas mais adequadas de sinalização.


A fiscalização inexiste para pedestres e ciclistas. Já ouvi de um fiscal que é impossível fiscalizar a circulação de pedestres e de ciclistas, já que não existe legislação específica para isso. Mas não será responsabilidade dos fiscais também orientar os cidadãos? Sempre me impressiono quando vejo fiscais do trânsito atuando com profissionalismo e severidade no trânsito de carros e motos e simplesmente ignorando os erros notáveis que ciclistas e pedestres cometem -- alguns até potencialmente perigosos. Ainda que não existam leis para estas pessoas, por que não abordá-las e orientá-las?


A educação pode ser feita através da atuação dos fiscais. Pelo que sei, parte dela tem sido feita em escolas municipais, o que sem dúvida é uma ação importante, que dará frutos num futuro breve. Mas ela se mostra insuficiente para a atual condição do trânsito e, sobretudo, do uso da ciclovia. Campanhas de educação simplesmente não funcionam com moradores adultos. E há também muitos turistas que insistem em fazer da ciclovia seu belvedere; para eles as campanhas de educação também não são muito eficientes.


Como ciclista e cidadão, espero que estas palavras encontrem algum eco.


Sem mais, agradeço a atenção e aguardo sua resposta.


Com meus melhores votos,


Christian Rocha

quinta-feira, julho 27, 2006

Lembrete

Este blogue não foi desativado. Apenas estou passando uns dias longe de Ilhabela e, portanto, longe dos assuntos ilhabelenses. Em breve volto à programação normal. Enquanto isso, quem tiver interesse pode ler alguns de meus escritos aqui.

A todos, muito obrigado.

sexta-feira, julho 07, 2006

Sonho de uma noite de outono

À ocasião da LDO2007, quando a Prefeitura de Ilhabela oferecia espaço em seu saite para os cidadãos se manifestarem, escrevi este artigo irônico. Eu devia tê-lo publicado antes, mas ele ficou perdido em algum canto do meu HD.

Comentários são bem-vindos.

quinta-feira, julho 06, 2006

O futuro de Ilhabela


Hong Kong, China

ou


Portofino, Itália

Faça sua escolha.

sábado, junho 24, 2006

Matando o mensageiro II - Êxodo

É curioso esse fenômeno. Já falei disso algumas vezes neste blog, mas a insistência de algumas pessoas em repudiar quem declara as porcarias de um lugar me faz lembrar daquele slogan patriota — e estúpido — "Ame-o ou deixe-o".

Perguntam-me: se Ilhabela é tão ruim, por que você não se muda? Eu jamais respondo; quem faz esse tipo de pergunta não merece uma resposta decente, elaborada. Mas talvez eu possa respondê-la aqui.

Não me mudo porque para encontrar um lugar melhor eu terei que ir muito longe, e eu ainda não tenho recursos suficientes para isso.

Também não me mudo porque gosto daqui, minha família vive aqui e ainda há coisas boas neste lugar.

Não me mudo talvez porque não seja a hora e talvez porque tenha alguma esperança (pouca, é verdade) de que este lugar volte a ser o que era quando o conheci.

Não me mudo por idealismo e ingenuidade.

E você? Por que vive em Ilhabela? Por que não se muda daqui? Se é migrante, o que o trouxe para cá e o que o mantém aqui? Esperança?

Comentários são livres.

quarta-feira, junho 21, 2006

Matando o mensageiro

Infelizmente não tive chance de divulgar neste blog a audiência promovida pela Câmara Municipal de Ilhabela sobre balneabilidade das praias. A audiência teve a presença de três representantes da Cetesb, entre eles a gerente responsável pelo trabalho de monitoramento das praias paulistas. A explicação foi bastante complexa e detalhada, bastante esclarecedora.

Sobre as explicações não há o que comentar. A questão da balneabilidade das praias já foi assunto de alguns posts deste blog e todas as eventuais dúvidas que poderiam ter surgido naquelas ocasiões foram totalmente sanadas.

Vale a pena comentar, no entanto, a participação de algumas pessoas na audiência. Surpreendentemente a Cetesb foi criticada e questionada em relação à metodologia das avaliações e à forma de divulgação dos boletins de balneabilidade. Seguiu-se o princípio de "matar o mensageiro". Faltou alguém dizer a essas pessoas que

i) a Cetesb colhe informações a respeito da qualidade das praias e as divulga;

ii) a manutenção da qualidade das praias não é responsabilidade da Cetesb, mas de instituições como prefeitura e Sabesp;

iii) se as bandeiras vermelhas nas praias atrapalham o turismo (um estudo interessante a ser feito), o problema, meus caros, não é da Cetesb.

quinta-feira, junho 08, 2006

A condominização de Ilhabela



Esta discussão está dando o que falar. A proposta não é diferente de tantas outras; o erro foi tê-la divulgado no Orkut. Em dias de hoje, quem quer comprar uma casa de alto padrão não vai ao Orkut, vai a uma imobiliária e conversa com um corretor a portas fechadas.

A Odebrecht construirá um condomínio fechado (mais um) em Ilhabela, chamado Yacamin, com nhenhentas unidades, entre casas, apartamentos, hotéis, um complexo esportivo e de lazer, vista para o mar e tudo o mais que o habitante endinheirado da capital possa imaginar para seu conforto e hedonismo litorâneo. É bem possível que o empreendimento siga à risca as determinações dos órgãos ambientais, mas tenho a impressão de que as favelas ilhabelenses aumentam um pouquinho cada vez que um monstrengo condominial como esses é erguido. Disso, algumas questões:

1) A quantas anda o Plano Diretor de Ilhabela? O PDI serviria inclusive para organizar esses arroubos litorâneos das incorporadoras paulistanas.

2) Alguém — empreendedores, arquitetos, corretores — já ouviu falar de urbanismo? Fico surpreso ao perceber que o assunto é ignorado e Ilhabela acaba sendo construída à base de condomínios e favelas.

3) Condomínios precisam de muita mão-de-obra braçal para serem construídos. Terminada a construção, encerra-se o emprego. Qual o impacto social disso? Argumenta-se que o impacto social desses empreendimentos é todo ele resolvido à base de impostos: o condomínio Yacamin gerará impostos durante a construção e continuará gerando impostos depois que estiver pronto. Se isso é verdade, tanto pior, pois reforça a idéia de que empreendimentos desse tipo só precisam se relacionar com a cidade através de obrigações tributárias, constituindo assim uma espécie de anti-urbanismo.

4) Não seria adequado solicitar de empreendimentos desse porte um relatório de impacto social, à maneira dos EIA/RIMA?

5) Como esses empreendedores vêem a cidade? Como os futuros moradores vêem Ilhabela? Para eles o que é Ilhabela? Um quintal? Um parque temático? Uma cidade de verdade?

6) Não seria o Yacamin uma versão ilhabelense do Parque Cidade Jardim?

7) Que a prefeitura está se lixando pra isso, não é novidade. O executivo executa as leis e elas dizem que o máximo que se pode fazer é exigir os documentos e cobrar os impostos. Finis. Contudo, isso me parece um trabalho para os intrépidos vereadores de Ilhabela, não? Que tal pedir um pouquinho de responsabilidade social das incorporadoras da capital que desembarcam aqui com seus projetos ao estilo Alphaville?

sexta-feira, junho 02, 2006

Artigo de junho

Perdi o deadline para a primeira edição do Jornal do Arquipélago neste mês de junho, mas você pode ler em meu saite pessoal o artigo que preparei. Não fala diretamente de Ilhabela, mas tem a ver com todos nós, sem dúvida alguma:

Quero meu dinheiro de volta

A propósito, como afirmei uns posts atrás, caso eu não esteja postando por aqui (realmente tenho postado pouco neste blog), certamente estarei postando em meu saite pessoal. Dê uma olhada por lá.

A todos, muito obrigado.

quinta-feira, maio 18, 2006

Violência

Não pretendo aqui me manifestar longamente sobre os acontecimentos que têm assustado o Estado de São Paulo. Já o tenho feito suficientemente em meu saite pessoal.

Aqui, para ater-me aos objetivos deste blog, digo apenas que os fatos confirmam a idéia de que Ilhabela está mortal e violentamente ligada aos rumos que o Estado de São Paulo e o resto do Brasil têm tomado. Surpreende o fato de que muitas pessoas ainda pensam diferente; crêem que Ilhabela é um caso particular, uma exceção, não apenas no Brasil, mas no litoral norte paulista. Conversando com amigos pela internet, muitos se surpreendiam ao saber que até em Ilhabela a insegurança fechou o comércio.

Não é difícil imaginar que essa idéia possa tornar a violência por aqui um problema de proporções monstruosas. A aparente tranqüilidade com que se vive em Ilhabela nos torna mais vulneráveis do que em outros lugares. Quem vive aqui não está acostumado a preocupar-se com a segurança.

Só que Ilhabela não é exceção. Esta cidade também parou naquele 15 de maio.

Dois dias antes do avanço da criminalidade na capital, uma agência bancária foi assaltada em Ilhabela, às 11 da manhã. Durante o fim-de-semana e sobretudo naquela segunda-feira fatídica, diversas ocorrências foram registradas nesta cidade.

Ontem, o Imprensa Livre, principal jornal do litoral norte, com sede em São Sebastião, foi atacado e teve seu parque gráfico incendiado.

Em seguida, o governador Claudio Lembo vem a público para dizer que isso é culpa da burguesia.

Tudo está perdido. Se alguém tiver alguma solução, por favor compartilhe-a. A minha é esta.

quarta-feira, maio 10, 2006

Metendo a colher em Ilhabela

Meu artigo na edição de maio no Jornal do Arquipélago.

quarta-feira, maio 03, 2006

Manifestação na travessia

A manifestação não aconteceu. O Departamento de Trânsito de Ilhabela (DSTM) fez boletim de ocorrência preventivo e melou a coisa toda, conforme informa o noticiário do Litoral Virtual de hoje.

Seja como for, a quase-manifestação, capitaneada pela Câmara Municipal de Ilhabela, é um sinal para que a DERSA saiba a quantas anda o serviço de travessia -- supondo que os outros sinais já não são mais do que suficientes. E um sinal de que há pessoas atentas à decadência da travessia.

Não pretendo me repetir. Basta lembrar que o assunto já foi tratado neste blog algumas vezes. Em meu post mais recente sobre a travessia, reproduzi uma carta que enviei à DERSA, que permanece sem resposta.

Identifico, contudo, uma falta de clareza quando acesso os saites da DERSA e da TWB, grupo responsável pela OP Mariner. Em seu saite, a DERSA informa que é administradora da travessia:

"A Dersa administra as travessias litorâneas nos litoral Norte, Centro e Sul do Estado de São Paulo."

O saite do grupo TWB informa que a OP Mariner opera as travessias:

"Sua vocação no setor aquaviário levou-a a operar, a partir de 2001, todas as travessias litorâneas de passageiros e veículos do Estado de São Paulo, sob jurisdição do DERSA."

Pergunto: quem responde pela travessia? Quem um pedestre comum deve procurar diante de um serviço visivelmente ineficiente? A DERSA ou a OP Mariner (TWB)? É possível que minha mensagem tenha sido vítima do famoso jogo-de-empurra? Devo procurar a OP Mariner, através da TWB?

A DERSA dispõe apenas de um formulário on-line, sem endereços de e-mail. Diante da ausência de respostas, desconfio que as mensagens são eliminados ou enviados para quarentena tão logo se clique em 'enviar'. A TWB oferece uma lista de e-mails, que reproduzo a seguir:

Presidência: presidencia@twbmar.com.br
Vice-presidência: vicepresidencia@twbmar.com.br
Diretoria administrativa: diretoriaadmrh@twbmar.com.br

Talvez isso sirva para alguma coisa. O formulário da DERSA, que se propõe a atender essas demandas, não serviu para nada até agora.