terça-feira, fevereiro 21, 2006

Manoel Marcos será julgado hoje


Trecho da matéria do jornal Imprensa Livre sobre o julgamento do prefeito de Ilhabela, que corre risco de ser cassado:
O clima de expectativa paira sobre a cidade. Nos supermercados, lojas e ruas as pessoas evitam falar sobre o assunto, ninguém arrisca um palpite. Mas, todos são unânimes, com o julgamento acabam as suposições e especulações que rondam a vida política da cidade.

Do trecho acima surgem algumas perguntas:

- As pessoas realmente evitam falar do assunto? Duvido um pouco. Entre mim e meus amigos não se falava noutra coisa hoje. E por que raios as pessoas evitariam falar sobre um assunto de capital importância?
- Existe unanimidade sobre algum assunto em Ilhabela?
- E que raio de unanimidade é essa que se exime de qualquer posicionamento?
- Com quantas pessoas esse repórter falou? Três?

segunda-feira, fevereiro 20, 2006

Crime e violência em Ilhabela: o que fazer?

Ilhabela, como o nome sugere, é uma ilha, cercada de água por todos os lados. A maior parte das pessoas e todos os carros que vêm para cá passam obrigatoriamente pela balsa. Carros e pedestres passam por uma espécie de funil e podem ser observados um a um durante a travessia. Eles ficam presos durante 15 ou 20 minutos dentro de uma balsa. Embora a Ilha de São Sebastião seja grande, o município de Ilhabela é pequeno, quase todo ele limitado a uma linha que se estende entre Jabaquara e Borrifos.

Diante disso, recuso-me a acreditar na impossibilidade de prevenir e investigar crimes. Recuso-me a acreditar que não há nada que se possa fazer para combater a criminalidade que atinge Ilhabela.

Muitas coisas podem ser feitas e não são feitas não porque exigem uma estrutura cara, um sistema de alta tecnologia ou mão-de-obra numerosa. Elas não são feitas simplesmente porque não se quer, porque não há ninguém que exija que os responsáveis cumpram um pouquinho mais do que suas obrigações.

Se eu fosse o responsável pela segurança de Ilhabela, ficaria envergonhado ao saber das estatísticas de roubos no município. A repetição de um mesmo tipo de crime demonstra a ineficiência da polícia e da justiça em combatê-lo. Quando bandidos se acostumam com um determinado tipo de crime, algo está errado -- e não é apenas a voracidade dos marginais.

É claro que a população deve fazer sua parte. A denúncia é uma arma poderosa no combate ao crime; ela demonstra que a sociedade não está disposta a se curvar diante da ação dos bandidos. Esses criminosos não vivem isolados; eles têm comparsas e receptadores de objetos roubados; eles têm parentes e amigos que toleram seu banditismo. Como se trata de sujeitos covardes totalmente desprovidos de escrúpulos, não há criminoso que não esteja disposto a denunciar seu parceiro de crime. Para que a denúncia exista, basta que ele vislumbre a recompensa adequada.

A melhor recompensa para quem denuncia um criminoso é não ir para a cadeia. Cumplicidade é crime, assim como a receptação de objetos roubados. A única atitude correta quando se tem conhecimento de um crime é denunciá-lo e denunciar seus autores.

Embora problemas como o desemprego e a corrupção sejam preocupações constantes para a população brasileira, nada se compara com a violênicia urbana. Não há nada mais importante do que a certeza de poder voltar são e salvo para casa, de não ter sua casa invadida por marginais, de não ser vítima de um assalto, de um seqüestro ou da guerra entre traficantes. Não há nada mais importante do que viver num lugar totalmente livre de violência. É claro que é impossível encontrar um lugar assim. Onde há pessoas há pelo menos a possibilidade da existência de crimes. Mas é possível reduzir essa possibilidade com ações preventivas simples, com leis severas, com investigações e policiamento eficientes.

O crime existe onde há espaço para ele. O criminoso é covarde por definição; ele buscará sempre as situações onde os ganhos e a possibilidade de sucesso são maiores. Ele evitará lugares em que a polícia é eficiente, em que a população não tolera sua presença e está devidamente protegida e prevenida contra sua ação.

Ilhabela não parece ser um lugar assim. O crescimento rápido e desordenado atraiu todo tipo de criminoso. A criminalidade crescente manchou sua tranqüilidade original. O paraíso acabou, não apenas porque praias e cachoeiras estão poluídas, mas também porque a violência tomou conta da cidade. Muitas pessoas deixaram as grandes cidades para viver em Ilhabela e viram-se forçadas a levar aqui o modo de vida que tinham antes, com grades, cercas elétricas, vigilância particular e a mesma insegurança que as aterrorizava.

Tudo isso me surpreende, não por ter sempre julgado Ilhabela imune à violência que afeta todo o país, mas justamente porque este lugar tem características propícias a que esse problema seja controlado por aqui. Citei, no início deste texto, características físicas que permitiriam ações preventivas. As dimensões e os limites físicos bem definidos facilitam investigações, o controle de entrada e saída do município e a vigilância constante. Não são ações impossíveis ou difíceis. Por que não colocá-las em prática? Por que abandonar a população à própria sorte? Por que agir como se nada estivesse acontecendo?

Convido cada internauta de Ilhabela a divulgar este texto a seus amigos e conhecidos, a divulgar suas experiências com a falta de segurança nesta cidade, a relatar, ainda que anonimamente, suas tragédias pessoais. Não peço isso para que criemos a idéia de que estamos vivendo num inferno -- embora para muitas pessoas isso seja verdade --, mas para que talvez os responsáveis por melhorar as condições de segurança em Ilhabela efetivamente façam algo.

*
Estatísticas oficiais sobre os índices de criminalidade de Ilhabela podem ser obtidos no saite da Secretaria de Segurança Pública do Estado de São Paulo.

domingo, fevereiro 19, 2006

Pergunto

Quanto a Prefeitura de Ilhabela cobra pelo alvará das barraquinhas que vendem CDs e DVDs piratas na rua da Padroeira, Vila, todas as manhãs de sábado?

terça-feira, fevereiro 14, 2006

Turismo e transporte - parte I


Discute-se, com excesso de calor, a criação de uma taxa que desacelere o turismo que é predatório desde que Ilhabela tornou-se destino badalado. Discute-se também se moradores não devem ter prioridade na fila das balsas.

Alguns -- como eu -- dizem que estas propostas são inconstitucionais. Outros -- e às vezes eu faço parte deste grupo também -- dizem que a Constituição Federal tem valor legislativo menor que um gibi da Mônica e que ignorá-la é um dever do cidadão de bem. Nem tão lá, nem tão cá. Vejamos.

Sobre criação de taxas, soy contra. Cria-se uma taxa: para onde vai o dinheiro? Ainda que ele realmente seja aplicado naquilo a que se destina, por quais caminhos ele passará até que cumpra seu objetivo? Quanto desse dinheiro será efetivamente utilizado para o bem comum e quanto será retido pelas peneiras da corrupção? Num país que já cobra 40% de tributos de todos os cidadãos -- eu, você --, propor novos tributos deveria ser motivo para execração pública.

Políticos deviam se envergonhar de criar novos impostos. Não apenas porque eles oneram o já sofrido contribuinte, mas porque demonstram a incapacidade dos políticos para resolver os problemas da sociedade sem recorrer à solução fácil e definitiva: meter a mão no bolso alheio.

Sobre facilitar o acesso do morador de Ilhabela à balsa, parece algo bom, embora eu já tenha me manifestado contra isso. Mecanismo simples e breve: uma fila especial para carros com placa de Ilhabela. O problema, contudo, não está em oferecer vantagens para o morador, mas oferecê-las justamente onde elas não são assim tão importantes.

Entre tantas coisas necessárias e importantes, por que diabos as pessoas se preocupam tanto com filas de balsa, com algo com que a maioria dos habitantes já se habituou? Por que não dedicar os neurônios a problemas realmente importantes, estratégicos, que de fato farão toda diferença para a cidade?

Para ficarmos apenas na questão do excesso de veículos -- pois foi daí que toda discussão surgiu --, há diversas soluções possíveis:

- melhoria no sistema de transporte público
- conclusão e ampliação da ciclovia, adaptação das vias públicas à presença constante do ciclista
- urbanização dos passeios públicos e calçadas
- implantação de hidrovia (a sério)

Todas estas idéias partem do seguinte pressuposto: Ilhabela pode e deve pensar em meios de transporte alternativos. Criar mecanismos de punição aos motoristas apenas cria mal estar entre população e poder público. Beneficiar quem não é motorista é uma forma mais adequada de dizer aos motoristas que eles devem deixar o carro em casa alguns dias por semana -- se possível todos.

Nos próximos posts tentarei analisar e detalhar cada um dos itens mencionados.

sexta-feira, fevereiro 10, 2006

Programa de erradicação da paisagem


Poluição visual? Que poluição visual?

Vale a pena hospedar-se onde o respeito pelo próprio negócio é inversamente proporcional ao respeito que se tem pela cidade e pela paisagem?

E depois a culpa é do capitalismo, que "obriga" empresários a competir de formas estranhas e injustas.

terça-feira, fevereiro 07, 2006

Lógica elementar


Um lugar bem divulgado Brasil afora atrai turistas, empresas e eventos -- mais do que lugares mal divulgados.

Os lugares mal divulgados são, assim, derrotados pelos lugares bem divulgados. Eles permanecem vazios, sem movimentação econômica e cultural, restando apenas as atividades das pessoas que sempre viveram e que sempre viverão nesses lugares, suas histórias, seus costumes, os recursos naturais e as paisagens.

Qual lugar venceu?

domingo, fevereiro 05, 2006

Enquanto isso, no Orkut

Lucas 05/02/2006 09:10
Qual a pior coisa q tem na ilha?

Christian 05/02/2006 12:55
Gente.

quinta-feira, fevereiro 02, 2006

Serra Pelada é aqui


Foi mais ou menos assim: no começo dos anos 80, descobriu-se uma grande jazida de ouro em Serra Pelada. Com grande alvoroço, muitos garimpeiros de todo o país invadiram o lugar, cada um esperando enriquecer da noite para o dia. Alguns de fato obtiveram êxito.

Mas todo enriquecimento tem um preço. Neste caso, Serra Pelada tornou-se um símbolo da miséria social e ambiental que tem assolado o país nas últimas décadas. A terra foi contaminada com mercúrio e assolada pelas erosões dos garimpos. A cidade -- se é que podemos falar assim -- tornou-se terra sem lei e foi arruinada pela explosão demográfica, pelo crime e pela prostituição.

Qualquer semelhança com Ilhabela não é mera coincidência. A diferença é que o que em Serra Pelada eles chamam de ouro, aqui eles chamam de turista.