sexta-feira, dezembro 26, 2008

Feliz 1989

pequea

Chega o fim do ano e inevitavelmente as pessoas fazem planos e balanços, que incluem uma análise dos meses que passaram, das ações e realizações. Realismo é sempre bem-vindo; não é possível querer já no próximo ano tornar-se o presidente de uma grande corporação se ao longo deste ano você nem sequer concluiu os estudos. As pretensões podem ser grandes, mas tudo tem seu próprio tempo. Entre concluir os estudos e tornar-se presidente de uma grande corporação existem etapas que precisam ser cumpridas necessariamente. O que diferencia o zé ninguém do sujeito bem-sucedido é essa noção de ordem dos fatores, de crescimento progressivo, de dependência daquilo que se realizou antes.

Leia na íntegra meu artigo mais recente no jornal Canal Aberto.

sexta-feira, dezembro 05, 2008

Crianças mimadas II


Suponhamos que você discuta com seu vizinho porque ele ouve música alta nas horas mais inconvenientes do dia e da noite. O som do vizinho não deixa você dormir em paz, atender o telefone ou ver TV. Você tenta conversar com ele, sem resultados. Sem chances de uma solução pacífica, você decide recorrer à polícia e descobre que pouca coisa pode ser feita. Inconformado, você decide apelar à Câmara Municipal e se desdobra para colocar em discussão um projeto de lei que obrigue todos ao silêncio — inclusive seu vizinho.

Leia na íntegra meu artigo mais recente no jornal Canal Aberto.

sábado, novembro 22, 2008

Quase Verão

turismo de massa

--- Os lemas do verão 2008-2009 poderiam ser silêncio e civilidade. De outra forma, Ilhabela continuará sendo apenas mais um destino turístico entre tantos outros onde sobra babaquice.

--- Quantidade e qualidade geralmente estão em proporção inversa; isto é especialmente válido para o turismo e para o trânsito. Pense nisso antes de se chafurdar na alta temporada.

--- O poder público pode fazer muito, mas não pode fazer tudo -- mesmo em benefício próprio. O indivíduo pode fazer quase nada, mas pode fazer alguma coisa -- mesmo em benefício de todos.

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Link da imagem

sexta-feira, novembro 21, 2008

Cidadão pró-ativo

pró-atividade
Você reclama dos congestionamentos mas não é capaz de deixar o carro na garagem e usar uma bicicleta; você reclama das praias poluídas mas não é capaz de dizer para onde vai o esgoto da sua casa; você reclama de pessoas mal educadas mas não é capaz de agir com calma e civilidade quando se vê diante de um exemplar da espécie. Por que o cidadão pró-ativo é tão raro? Primeiro porque ele não sente sua ligação com a cidade. A cidade é para ele um corpo estranho, incompreensível, não raro uma ameaça aos seus próprios interesses, um obstáculo a ser vencido. A maioria das pessoas não vive na cidade, vive apesar da cidade — e deseja viver em outra cidade, o que é muito comum onde há mais migrantes do que nativos.(...)

Leia na íntegra Cidadão pró-ativo, meu artigo mais recente no jornal Canal Aberto.

sexta-feira, novembro 07, 2008

Sólida instituição ilhabelense

fofoca
(link da imagem)

Meu artigo mais recente no jornal Canal Aberto.

Não é a Prefeitura, não é a Câmara ou o Fórum. Também não são as rarefeitas tradições caiçaras ou a família ou o casamento ou o veranismo. A mais sólida instituição ilhabelense é o boato — também conhecido como fofoca, mexerico, fuxico, babado, tramóia, intriga ou, no jurídico, difamação.

Você certamente já ouviu um. Talvez já tenha ajudado a passá-lo adiante. Talvez até tenha feito isso sem perceber que se tratava de boato, apostando na veracidade do que ouviu e na possibilidade daquilo ser útil e bom. Só que tem um problema. Um não, vários.

terça-feira, outubro 28, 2008

Politicamente atrofiados

urna eletrônica
(link da imagem)

Leia na íntegra meu artigo mais recente no jornal Canal Aberto.
Apesar da massa comum que disputa as eleições a cada dois anos — gente como eu ou você, ou um pouco menos —, é comum também a idéia de que o sistema político é complexo, insondável e incompreensível. Até hoje eu não sei de quê são feitas as leis, de onde elas vêm, do que se alimentam, e raramente encontro quem possa me explicar todas essas coisas. Eu vejo o noticiário político e imediatamente me vêm à cabeça todas as profecias sobre o surgimento do Anticristo, que, afinal, não é uma pessoa, mas um sistema, uma massa ou um labirinto. O nome desse labirinto é política. Candidaturas são a expressão do desejo de encontrar a saída desse labirinto e depois cobrar ingressos para que outras pessoas possam refazer o caminho dentro dele. O voto é uma espécie de aposta que se faz na capacidade daquele sujeito encontrar a saída do labirinto, mesmo quando ele está visivelmente mais perdido do que todos nós.

Tragédia anunciada

Vejam só.

Em 2006 a Praça das Bandeiras foi completamente destruída em nome de um projeto de reurbanização. Várias árvores antigas tombaram; a praça ficou totalmente desfigurada, assim como a memória da Vila. A nova praça é simpática, mas as cicatrizes permanecem.

Nestas últimas semanas tenho verificado que as transformações continuam e a idéia é continuar desfigurando a Vila.

Recentemente a rua da Padroeira foi alargada no trecho que corresponde à EEPSG Gabriel Ribeiro dos Santos. Isto implicou três transformações cujo valor ainda não me é evidente:

1) A calçada foi reduzida nesse trecho. Pode-se argumentar que transitam por aí poucos pedestres e que, por outro lado, a necessidade de espaços para automóveis é cada vez maior. Isso demonstra a prioridade da intervenção: veículos em vez de pessoas.

2) Os carros estacionam em 45°, mesmo que não haja placa indicando que isso deve ser feito. Se o objetivo era melhorar o trânsito nesse trecho, isso não ocorre especialmente quando veículos de grande porte estacionam em 45°.

3) A redução do nível do piso expôs as raízes das árvores, enfraquecendo-as. Uma delas tombou num vendaval recente; não há nada que assegure que as outras duas árvores restantes não terão o mesmo destino. A ausência de trabalhadores no local há vários dias sugere que a obra está terminada e o objetivo é mesmo deixar as árvores com raízes expostas até que venha o próximo vendaval.

Naturalmente, o 1º e o 2º itens não preocupam tanto quanto o 3º. Pouco espaço para pedestres e trânsito confuso são café pequeno diante da possibilidade de uma árvore cair em cima de alguém ou de algum carro.

quinta-feira, outubro 23, 2008

Pesquisa Ibope 2008 revela: somos bundas-moles

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A pesquisa do IBOPE 2008, realizada em parceria com a ONG Nossa Ilha Mais Bela, revela algo que todos já suspeitávamos: somos bundas-moles.

73% dos entrevistados acredita que os problemas da cidade são responsabilidade da Prefeitura. Outros 10% citaram alguma outra esfera governamental. Somente 7% dos entrevistados acham que a responsabilidade é da população. A imagem acima (clica para ampliar) mostra os números da pesquisa.

O arquivo completo da pesquisa IBOPE 2008 pode ser encontrado aqui.

*
Se você pensa como a maioria, talvez deva ler este artigo, que publiquei no falecido Jornal da Ilha em 2005, e pensar mais uma vez.


República Socialista de Ilhabela
8 de maio de 2005
Christian Rocha


Pergunte a qualquer pessoa de Ilhabela sobre as principais realizações da Prefeitura. Cidadãos satisfeitos mencionarão as ruas pavimentadas, o hospital municipal, as escolas, a reforma da Vila e os cruzeiros marítimos. Cidadãos insatisfeitos mencionarão a expansão imobiliária, a poluição das praias e dos rios, o aumento da violência e os problemas de trânsito nos feriados. Todos destacarão pontos positivos ou negativos e ficarão muito longe daquela que, até o momento, foi a principal realização da gestão Manoel Marcos: a ampliação da estrutura e da influência sócio-econômica da Prefeitura sobre a cidade.

quarta-feira, outubro 22, 2008

Aikido Ilhabela

aikido ilhabela

O site do Shin Shin Toitsu Aikido Ilhabela está em novo endereço. Este:

http://aikidoilhabela.wordpress.com/

Para quem não sabe, trata-se do grupo onde treino há aproximadamente 10 anos (também sou um dos instrutores).

O site do nosso dojo ganhou novos recursos e dispões de textos sobre a arte, informações sobre as aulas, além de ebooks para download, imagens e links interessantes.

Quem estiver em Ilhabela e região, aceite meu convite para participar de um de nossos treinos e, querendo, juntar-se a nós.

quinta-feira, outubro 16, 2008

Do oriente para Ilhabela

aikido

Uma discussão freqüente, que ganha fôlego em períodos de transição política como a que estamos vivendo, é aquela que trata da cultura, de como ela pode participar da vida desta cidade e de como desenvolvê-la. Ilhabela, como outras cidades do litoral paulista, tem raízes caiçaras, ligadas à terra e ao mar, e ao mesmo tempo forte influência da cultura de migrantes de diversas origens. A cultura caiçara está no folclore, na arte, na ascendência familiar cada vez mais rarefeita, na culinária, num jeito de cada vez mais incomum de viver e de relacionar-se com o lugar. A cultura do migrante pode ser metropolitana ou cosmopolita (como a dos paulistanos), sertaneja (como a de alguns mineiros e nordestinos), caipira (como a dos que vêm do interior de São Paulo) ou mesmo caiçara com outros acentos (como a cultura das pessoas que vêm de outras partes do litoral paulista para Ilhabela.

Como manifestação espontânea, a cultura caiçara desaparece um pouco a cada ano, resistindo no folclore e no artesanato. Em seu lugar solidifica-se uma cultura ainda amorfa, construída por influências diversas que ainda estão longe de ser compreendidas separadamente e que, portanto, não chegam a representar uma renovação da cultura local. Assim como não existe uma cultura brasileira definida, também não há uma cultura ilhabelense.

Apesar disso, a busca é genuína e necessária, já que o vácuo deixado pela cultura caiçara é cada vez maior. Migrantes não encontram plenas condições de estabelecer por aqui todos os hábitos e costumes sócio-culturais de seus lugares de origem -- e isso é bom, porque seria contraditório e poria em risco o próprio lugar ou ao menos atestaria sua fragilidade. Ao mesmo tempo, aos caiçaras é cada vez mais difícil manter um modo de vida estritamente ligado ao lugar, já que este é cada vez mais alterado e ocupado.

A resposta, se há alguma, pode estar naquilo que ainda não foi reconhecido como cultura, mas que participa de nossas vidas. A resposta pode vir do Oriente, de práticas consideradas exóticas demais para serem acrescentadas ao rol de práticas oficiais e populares, mas que trazem grandes benefícios a quem se dedica a elas.

Uma dessas práticas é o yoga (ou a ioga, como alguns chamam). Essa arte indiana é mais ampla do que fazem supor os alongamentos e flexões mais difíceis. Não se trata apenas de torcer o corpo, alongar e reforçar músculos e meditar. Trata-se de construir pessoas melhores, de desenvolver a própria consciência, de praticar preceitos como ahimsa (não-violência) e satya (verdade). O yoga baseia-se nesses e noutros princípios e as posturas (aquilo que costumamos chamar de yoga) na verdade são práticas decorrentes desses preceitos.

O yoga não torna as pessoas apenas mais flexíveis e saudáveis. O yoga as torna também melhores emocional, intelectual e espiritualmente. Quem pratica esta arte torna-se mais calmo, mais leve, emocionalmente mais vivo e mais consciente de si e do mundo. Estas qualidades são boas para pessoas de qualquer lugar do mundo e, naturalmente, tornam esse lugar melhor.

Outra prática que oferece diversos benefícios a seus praticantes é o aikido. Trata-se uma arte marcial japonesa que combina movimentos circulares, torções, arremessos -- todos realizados com mínimo esforço e máximo aproveitamento da força do oponente. Além das técnicas marciais, no aikido aprende-se a usar melhor a energia vital, chamada de "ki". Esse aprendizado desenvolve-se com exercícios aeróbicos, de consciência corporal e de respiração, além das próprias técnicas marciais. Essas práticas desenvolvem o ki e este, por sua vez, ajuda nessas práticas.

Assim como o yoga, o aikido também possui princípios que orientam o praticante e o desenvolvimento dentro da arte. No aikido não é permitido nenhum tipo de competição e a atmosfera predominante nos treinos é de cooperação. Embora o objetivo seja a eficiência marcial, o praticante deve atingi-la sem no entanto ferir o oponente. Há também a noção de que o controle de um oponente passa necessariamente pelo controle de si mesmo; entregar-se ao espírito belicoso de um ataque significa entregar-se à violência, algo que é sempre evitado no aikido.

O aikido também torna as pessoas melhores ao torná-las mais conscientes de si mesmas, mais equilibradas e mais saudáveis. A postura é melhorada significativamente; com isso a respiração também melhora e a saúde global do praticante também se beneficia. A saúde do corpo estende-se à mente, tranqüilizando-o sem entorpecê-lo. Com serenidade é mais fácil trabalhar, pensar, relacionar-se com outras pessoas. O praticante ganha e todos ganham.

Existem várias outras artes e práticas orientais que poderiam ser listadas e explicadas aqui. Há, por exemplo, o zen-budismo: alguns o chamam de religião, outros de filosofia. Há outras artes marciais além do aikido e várias outras práticas indianas, como o kundalini. O importante é que se lhe reconheça o valor para a vida de um modo geral.

Essas artes não são aceitas como parte da cultura local por diversos motivos. O primeiro é o fato dessas artes terem fortes raízes estrangeiras. O aikido sempre será japonês e o yoga sempre será indiano. Apesar disso, adaptações podem acontecer, muitas vezes com sucesso. Por exemplo, a capoeira tem forte ascendência africana, mas hoje é mundialmente associada ao Brasil. O brazilian jiu-jitsu, também muito conhecido em muitos países, é uma derivação do jujutsu japonês. Estas artes vieram para o Brasil, foram transformadas e hoje são divulgadas como algo brasileiro.

Obviamente, agregar exemplares exóticos à cultura é um processo que acontece espontaneamente. O que proponho não é somar o aikido e o yoga à cultura de Ilhabela, mas, antes disso, observar os efeitos destas e de outras artes sobre as pessoas e sobre a sociedade e avaliar, afinal, o que é que se deseja. Digo isso porque muita porcaria passa a fazer parte da cultura local sem que se tenha plena consciência de seus efeitos sobre a sociedade. Estas coisas simplesmente vêm e são recebidas, ainda que causem danos morais, culturais e sociais.

E para que essa avaliação seja possível, atenção. Isto, infelizmente, não se ensina, não se impõe, não se estimula. No máximo o que se pode fazer é mostrar aos desatentos as relações entre aquela ruindade miúda (de um mau hábito, de uma música ruim) e a ruindade que afeta uma cidade inteira. Que permaneçam imersos na porcaria, entende-se, mas que não seja por falta de aviso.

*
Saiba mais:
Shin Shin Toitsu Aikido Ilhabela

Pesquisa IBOPE Ilhabela (não é aquela)

Neste sábado, dia 18, a ONG Nossa Ilha Mais Bela apresentará a segunda pesquisa do IBOPE sobre Ilhabela (esta pesquisa não tem nenhuma relação com aquela outra e as pessoas responsáveis por ela não foram colocadas para correr da cidade).

Pesquisa IBOPE revela percepção cidadã em Ilhabela

Encomendada pelo Movimento Nossa Ilha Mais Bela, a segunda edição da pesquisa mostrará como os moradores percebem a cidade, gerando indicadores de qualidade de vida que devem subsidiar um plano de metas para orientar os trabalhos da prefeitura e de outras instituições.

O Movimento Nossa Ilha Mais Bela traz no próximo sábado, dia 18, a diretora do IBOPE, Márcia Cavalari, para apresentar os resultados da segunda pesquisa de percepção cidadã, feita com a população local entre os dias 23 e 26 de setembro. O objetivo é saber como este público percebe cidade e o que deseja para a melhoria da qualidade de vida em Ilhabela, além de gerar um comparativo com os dados colhidos no ano passado, que permitirá o acompanhamento da evolução desses indicadores.


Mais informações sobre o evento aqui. O evento é aberto e todos que se interessam por Ilhabela podem (e devem) participar.

sexta-feira, outubro 10, 2008

Depois das eleições

storm sailing boat
Tempestade à frente? Só o futuro dirá. (link da imagem)

Meu artigo mais recente no jornal Canal Aberto. Para ler na íntegra, clique aqui.

Se as eleições revelam até onde as pessoas estão dispostas a ir para realçar as diferenças, as semanas que as sucedem trazem-nas de volta à realidade: este arquipélago é um só. Isto significa que não há diferenças importantes, mesmo que os partidos e seus líderes digam o contrário.(...)

segunda-feira, outubro 06, 2008

E agora?

Como todos já devem saber, Toninho Colucci será o novo prefeito de Ilhabela a partir de janeiro próximo. A ele, parabéns, boa sorte e que ele seja capaz de superar as expectativas que lhe depositam desde já.

Os números completos sobre as eleições municipais deste ano podem ser vistos aqui, inclusive com os nomes dos vereadores para a gestão 2009-2012. Aos novos vereadores, parabéns, boa sorte e sabedoria. Aos que se reelegeram, também -- e que saibam assimilar as lições da gestão que se encerra.

*
Com as eleições encerradas, encerro também uma enquete e inicio outra, sobre as prioridades para o município. Esta enquete já esteve neste blog uns meses atrás, mas como o período eleitoral trouxe à tona alguns assuntos e sepultou outros, talvez seja adequado propô-la novamente. Além disso, graças às eleições este blog ganhou alguns leitores, que simplesmente não tiveram acesso a esta enquete antes.

Assim, convido todos a dar sua opinião na barra lateral deste blog.

O internauta poderá escolher mais de uma opção, mas tentem limitar-se a no máximo três opções. Para comentários sobre a enquete, usem a respectiva área deste post.

A todos, muito obrigado.

sexta-feira, setembro 26, 2008

O bife do churrasco eleitoral

Meu artigo mais recente no jornal Canal Aberto. Para ler na íntegra, clique aqui.

Há quem acredite que a ignorância é uma bênção e vote apostando que o futuro prefeito e os futuros vereadores saberão pensar por nós. Se tudo convida ao emburrecimento, melhor é refestelar-me na escuridão e confiar naqueles que tanto querem cuidar desta cidade. O problema é que, mesmo que eu dispusesse daqueles três potentados (Barbosa, Lobato e Bonifácio) entre os candidatos, eu não saberia reconhecê-los, tampouco teria a certeza de que eles estariam me conduzindo na melhor direção. Eu não saberia nada — e a ignorância é o caminho mais curto para aceitar bovinamente qualquer golpe de chicote e tomar qualquer matadouro como doce lar. Graças à minha crescente burrice como eleitor, meu destino mais provável é virar bife no churrasco que os vitoriosos darão logo após o resultado das eleições.

quarta-feira, setembro 24, 2008

Notas eleitorais

Embora os comentários neste blog sejam livres, eles continuam sendo raros. Mas às vezes eles surgem. Esta semana um comentarista anônimo tentou me ensinar a ter consciência política, criticando o fato de eu não votar no candidato do PTB sem conhecer as propostas dele. Se o leitor realmente leu o post em que falo disso, teria notado que minha opção não poderia ser mais consciente. Existem diversos critérios que pautam minhas escolhas políticas; um deles é o que o candidato faz durante a campanha. A mim me parece razoável considerar mais importante o que ele faz hoje do que aquilo que ele pretende fazer caso seja eleito. Se hoje ele faz uma barulheira infernal, o que irá fazer caso seja eleito?

Ademais, plano de governo nunca serviu para nada. Por que isso deveria ser considerado mais importante do que caráter, competência e biografia, por exemplo?

Aproveito a oportunidade para lembrar os leitores deste blog de quatro coisas:

1) Não são permitidos comentários anônimos. Todos os comentários desse tipo serão apagados, independentemente do conteúdo. Por favor, ao comentar informe seu nome e seu endereço de email.

2) A política sempre tem vários lados. O fato de ter excluído um candidato de minha lista de opções não significa que os outros são excelentes. Ilhabela tem mais de 120 candidatos a vereador e eu ainda não escolhi em quem votar, mesmo já tendo eliminado vários de minha lista pessoal.

3) Pobre do lugar que aposta suas fichas em políticos. Prefeituras e Câmaras Municipais são importantes, é claro, mas lembre-se de que há vida antes e depois das eleições e que o poder público existe para servir os cidadãos, não o contrário.

4) Um bom começo para este lugar seria que cada cidadão pegasse os planos de governo dos quatro candidatos -- esses planos são sempre maravilhosos -- e se perguntasse o que pode ser feito agora, independentemente de prefeitos e vereadores. E bom mesmo seria não ter a obrigação de votar.

terça-feira, setembro 23, 2008

Mate o mensageiro


(clica para ampliar)

Coisa bonita isto. É Ilhabela na crista da onda da estupidez eleitoral...

terça-feira, setembro 16, 2008

Sobre a enquete deste blog

eleições

A quem tem acompanhado e votado na enquete na coluna lateral deste blog, vale a pena esclarecer alguns pontos importantes:

1) Enquetes são apenas enquetes. Não tenho a menor pretensão de que a enquete deste blog traduza fielmente o que anda acontecendo no eleitorado.

2) Enquetes feitas pela internet têm uma série de limitações, principalmente técnicas. Não é possível saber, por exemplo, se quem participou dela é um eleitor de fato ou se alguém que apenas quis dar uma opinião, mesmo não votando em Ilhabela.

3) Por algum tempo o primeiro lugar esteve dividido entre o candidato Colucci e o candidato Simões, que manteve por muito tempo uma pequena vantagem. Recentemente o candidato Colucci tomou a dianteira e conquistou ampla vantagem no primeiro lugar. Neste caso, como é comum em enquetes, é difícil saber se isso corresponde a algo que tem acontecido de fato entre o eleitorado ou se é apenas uma manifestação tardia dos internautas-eleitores ou, ainda, se há outro fator que possa explicar a variação.

4) O que quero dizer é que enquetes não reproduzem fielmente o que está acontecendo numa eleição. Elas podem dar uma vaga noção disso -- por exemplo, acho difícil que o último colocado nesta enquete consiga algum destaque na eleição real, em outubro, e também acho provável que os dois primeiros colocados desta enquete também terminem como os dois primeiros colocados na eleição real. Mas as enquetes não devem ser levadas a sério no sentido de determinar a sua escolha na eleição. Eu, pessoalmente, acho que a consciência individual é que deve determinar o voto.

quinta-feira, setembro 04, 2008

Candidatos a vereador

Aqui o internauta/eleitor poderá baixar a lista de todos os candidatos a vereador nas eleições deste ano em Ilhabela.

Caso queira entender a lógica das coligações e as chances que cada candidato tem este ano (coligações e o peso de cada partido influenciam no resultado final), acompanhe esta discussão no Orkut e esta também.

Citando o Pablo, que teve a iniciativa de organizar a lista e levantar a questão do quociente eleitoral:

Quociente eleitoral

Para um vereador ser eleito na Ilhabela, e legenda deve superar o 11,11% dos votos válidos. (vide http://www.tre-sp.gov.br/eleicoes/2004/quociente.htm)

Fazendo uma simulação :

O total de eleitores cadastrados em Ilhabela em 2008 é 19.058 (vide http://www.tse.gov.br/internet/eleicoes/muni_zona_blank.htm)

O percentual de votos nulos, brancos e de abstenções foi de 17,7% em 2004 (vide http://www.tse.gov.br/internet/eleicoes/2004/quad_geral_blank.htm)

Supondo que em 2008 esse percentual for um pouco inferior, por exemplo de 15% teríamos 16.199 votos válidos, ou seja, o quociente eleitoral seria 16.199 / 9 = 1.800

Se o percentual de votos não válidos e abstenções fosse menor ainda (10%), teríamos 17.152 votos válidos, o que daria um quociente de 1.905.

Será que as quatro coligações conseguem?

Nem no Chrome

Como muitos devem saber, recentemente foi lançado o Chrome, o navegador da Google, programa batuta e um tanto diferente do Opera, do Firefox e do Internet Explorer, seus concorrentes diretos.

E não é que o site da Câmara Municipal de Ilhabela não abriu no Chrome? Com isso o site atinge a nada invejável marca de só poder ser visualizado em um de quatro grandes navegadores.

Àqueles que continuam achando que isso é detalhe de somenos importância, lembro que dinheiro público (meu, seu, nosso) foi usado para elaborar um site que simplesmente não funciona direito.

câmara ilhabela chrome
O Chrome não foi moderno o suficiente para o site da Câmara Municipal de Ilhabela (clica na imagem para ampliar)

segunda-feira, setembro 01, 2008

Eleições 2008 - idéias breves

urna eletrônica
Link da imagem

-- Embora eu não tenha escolhido meus candidatos até agora, a coisa mais fácil nestas eleições aqui em Ilhabela é saber em quem não votar. Pelos decibéis atingidos durante a campanha, o primeiro eliminado em minha lista de preferências é o Prof. Joadir, do PTB. Não conheço suas propostas, pouco acompanhei seu trabalho como vereador, mas não posso votar em quem amaldiçoa a vida do eleitor com jingles horríveis, a todo volume, a qualquer hora dia e da noite.

-- Para quem, como eu, vê de fora e tenta manter uma distância segura e saudável das eleições, este ano as coisas parecem tranqüilas. Parecem. Há notícias de brigas, agressões, sem falar no falatório que já ultrapassou os limites da educação. Que isso aconteça entre candidatos, é natural e praticamente inevitável. Que isso aconteça entre eleitores, que pela própria condição têm maior possibilidade de perceber os desarrazoados, é algo que surpreende e lança uma sombra de preocupação sobre o futuro desta cidade.

-- O caos no serviço de balsas não poderia ter vindo em pior hora. Entre dar atenção a algo de que você depende hoje e todos os dias e a algo que definirá o futuro da cidade a partir de janeiro, é fácil saber o que é mais importante. Naturalmente o esvaziamento dos debates nestas eleições municipais não é algo novo e a travessia marítima não é culpada da indiferença dos eleitores. Além disso, seria ingênuo esperar alto nível e discussões sólidas dos problemas mais importantes da cidade. Mas qualquer coisa que desvie a atenção deles, por pouco tempo que seja, ajuda a dissolver idéias, debates e a reduzir a disputa eleitoral a um punhado de jingles, bandeiras e papos furados. Porca miséria.

-- O histórico de atividades e decisões recentes da Câmara Municipal de Ilhabela seria suficiente para demonstrar aos eleitores a importância de votar corretamente também para vereador. Por exemplo, há poucos dias foi aprovada mais uma taxa em Ilhabela -- desta vez, a de iluminação, a exemplo do que a então prefeita Marta (a.k.a. Martaxa) havia feito em São Paulo. E ainda tem gente escolhendo vereador como quem escolhe os camaradas para a próxima cervejada.

Semáforo em Ilhabela?

Alguém sabe me dizer o que é ou o que será isto? Um futuro semáforo?

semáforo ilhabela

Este é o cruzamento da avenida principal (av. Pedro de Paula Moraes) com a rua Ubatuba, no bairro do Saco da Capela, em foto do dia 31 de agosto de 2008. Há um poste idêntico a este na Vila, na esquina do antigo Bazar São Paulo (junto à Igreja Matriz e à praça Coronel Julião).

*
UPDATE (3/9/2008): Os postes na verdade serão pontos para câmeras de vigilância como as que existem em São Sebastião. Hoje pude observar alto-falantes instalados nesses postes. Já era hora de Ilhabela ter uma estrutura de vigilância desse tipo.

quinta-feira, agosto 28, 2008

Carro de som para prefeito

Meu artigo da quinzena ainda não foi publicado no jornal Canal Aberto, mas em breve será, acredito. A quem costuma visitar este Insular, ei-lo em primeira mão: Carro de som para prefeito. Um trecho:

Os quatro candidatos à Prefeitura já ocuparam cargos públicos no município e podem (devem) ser avaliados com base no que fizeram quando estavam lá. Eles esperam também ser eleitos com base no que pretendem fazer no futuro. Mas parece adequado considerar o que eles fazem hoje. Não me refiro aos sorrisos, aos apertos de mão e aos discursos diplomáticos. Refiro-me às ações. Hoje a atuação deles resume-se à candidatura, como se isto excluísse sua condição de cidadãos exemplares. Ilhabela precisa mais de exemplos do que de candidaturas, mais de cidadãos do que de candidatos, mais de ação do que de discurso, buzinaço e panfletagem.

sábado, agosto 09, 2008

Em breve

Estou viajando por uns dias, cumprindo diversas obrigações. Entre as mais burocráticas (porém necessárias), relatório de bolsa da pós-graduação e banca de qualificação.

Em breve retornarei e postarei algo além de avisos de que ficarei sem postar nos próximos dias.

Naturalmente, tenho algumas idéias anotadas no caderno, algumas (poucas) novidades e outras coisas a compartilhar.

A todos que continuam visitando este insular, muito obrigado.

quarta-feira, julho 23, 2008

Eleições 2008

Foram definidos os candidatos a prefeito nas eleições deste ano em Ilhabela. Em parênteses, os respectivos candidatos a vice-prefeito. A ordem dos nomes é aleatória.

- Luiz Lobo (Zé Brandão)
- Simões (Nenê Guarubela)
- Joadir (Ricardo Fazzini)
- Colucci (Nuno Gallo)

Aproveite para participar da enquete aí ao lado: em quem você pretende votar?

sexta-feira, julho 11, 2008

Ilhabela tem cultura (pelo menos por enquanto)

Nada, absolutamente nada contra eventos patrocinados por gente de fora e que só ocorrem em função de eventos maiores, de projeção regional ou nacional. A programação da Semana de Vela este ano está excelente. O show de ontem, com Ulisses Rocha, foi excelente. O cinema na Praça da Bandeira foi uma idéia genial. Etc. etc. etc.

O único porém não se refere a essa iniciativa -- louvável e elogiável -- mas ao contraste entre o que é agora e o que será depois, entre o que acontece pela força da iniciativa externa e o que não se faz por fraqueza interna.

Já faz tempo que Ilhabela carece de atividades culturais consistentes. Que os eventos patrocinados pela Vejinha inspirem poder público e iniciativa privada daqui a fazer mais por este lugar, independentemente de datas e estações. E, principalmente, que isto não inclua os foguetórios da temporada de navios.

domingo, junho 29, 2008

Coligações e outras sujeiras

Meu artigo da quinzena no jornal Canal Aberto.

Nenhum político quer encontrar a Verdade e tornar-se politicamente nulo. Os objetivos são bem outros e eles serão levados a cabo, mesmo que em detrimento de interesses públicos que ultrapassam com folga uma simples carreira política. Para essas pessoas, nomes, legendas e coligações valem muito mais do que Ilhabela.

sexta-feira, junho 27, 2008

O futuro de Ilhabela

Por favor, reflita sobre as seguintes frases por alguns instantes antes de ver as imagens a seguir. É fundamental que a leitura e a reflexão antecedam a observação. Se quiser, sinta-se à vontade para retornar a estas frases depois de ver as fotos.

Se queres prever o futuro, estuda o passado.
Confúcio

O futuro dependerá daquilo que fazemos no presente.
Gandhi

Somos o que fazemos constantemente. Portanto a excelência não é um ato, mas um hábito.
Aristóteles

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Brasil, séc. XXI:

























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Algumas palavras sobre as imagens acima:

Estas imagens foram colhidas quase aleatoriamente, pinçadas aqui e ali de sites que tratam de problemas urbanos diversos, tais como violência urbana, poluição, trânsito etc. Não são exclusivos da capital paulista, embora todos esses problemas possam ser observados nessa cidade.

Quis reuni-las neste post não para causar mal-estar a pessoas mais acostumadas às coisas boas de Ilhabela, mas para alertá-las de duas coisas:

1) Ilhabela já possui todos os problemas mostrados nessas fotos -- certamente em menor grau, mas os possui, todos, sem exceção. Mantidas as dinâmicas urbanas atuais, é questão de tempo até que Ilhabela encontre condições de figurar nesta lista de horrores.

2) Os maus exemplos estão dados. Como sugere a frase de Confúcio, não é difícil perceber aonde chegaremos com as ações que fizemos e que temos feito. Resta perguntar se queremos chegar ao mesmo ponto em que se encontra a capital paulista, por exemplo. Resta perguntar, afinal, o que queremos.

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Clicando na imagem você vê o site em que ela foi obtida.

quarta-feira, junho 11, 2008

Faz diferença?

Olhe bem estas fotos:











(Clica nas imagens para ver as versões originais e saber mais sobre os respectivos autores. Recomendo.)

Olhou bem? Então responda: faz diferença? A paisagem de Ilhabela é exuberante, mas de que forma ela participa da sua vida? Ou não participa?

Para quem apenas passa uns dias por aqui, não há nada errado em manter essas paisagens na memória e nos álbuns de

fotos. Para quem vive aqui, é estranho que toda ess beleza funcione apenas -- no máximo -- como cenário para deslocamentos e demais atividades. É estranho que se viva aqui exatamente como se viveria em qualquer outro lugar -- como se essas paisagens não existissem, como se elas não fossem espetaculares, como se, afinal, a cidade e as paisagens e o seu dia-a-dia não fossem uma única e mesma coisa.

Então, se você vive em Ilhabela, olhe novamente as fotos acima e me responda: elas fazem alguma diferença? É importante para você viver num lugar bonito ao ponto de emocionar? Ou você já nem nota isso?

sábado, maio 31, 2008

Malditos sejam os ignorantes

rodin ignorancia

O artigo a seguir tem o mesmo espírito deste post. Trata-se, no entanto, de um versão mais enxuta e mais palatável, para aqueles que não gostam de longas histórias lamuriosas. Embora não fale especificamente de Ilhabela, todas as idéias presentes no artigo foram formadas com base em histórias vividas neste lugar.

Leia lá, em meu site pessoal: Malditos sejam os ignorantes.

E a Vila?

vila ilhabela

Post encontrado no blog do Guia 4 Rodas. Vale a pena ler até o fim, inclusive para pensar nas transformações pelas quais a Vila tem passado recentemente. Seria excelente se elas estimulassem um retorno àquela condição pacata anterior à eclosão do turismo dos anos 80 e que os moradores voltassem à Vila.

Para isso, um bom começo seria organizar o receptivo dos navios (que hoje é um caos de jipes, vans e stands feiosos), acabar com os foguetórios e disciplinar os eventos que acontecem na Vila.

Dona Mariquinha não nasceu em Ilhabela, mas mora na rua Dr. Carvalho há mais de 50 anos. Sua casa é uma das poucas da Vila, o centrinho da cidade, que preserva a fachada original, com batentes azuis e porta que abre direto na rua. Ela, no alto de seus quase 80 anos, faz parte de uma das oito famílias que resistem à comercialização do lugar. “Antes, todo mundo ficava sentado na rua, em frente ao mar. Não tinha estacionamento, não tinha tanto carro nem essas lojas todas”, lembra. “Tenho fé que as coisas vão mudar. Antes, a rua do Meio vivia cheia de gente até de madrugada por causa dos bares. Agora, isso acabou”, diz, com razão. A rua São Benedito, conhecida como rua do Meio, e a própria Vila não são mais as mesmas.

As agências bancárias que se concentravam ali foram para o novo centro comercial, no Perequê. Os bares, que tanto movimentavam o centrinho, fecharam as portas e os poucos que ainda resistem, em frente à praça Coronel Julião, não atraem mais muita gente – e, dizem os boatos, acabam de ser comprados por uma gigante imobiliária, que pretende fechar parte do quarteirão (perguntei, mas ninguém confirmou – ou desmentiu – essa história). Os jardins próximos ao píer se transformaram em vagas para o tal do estacionamento rotativo, que acaba de ser implantado na ilha. As fachadas das casas, que eram como de Dona Mariquinha, algo similar a Parati, hoje lembram mais shoppings, com suas grandes (e bem caras) vitrines. E até a centenária (e histórica) canoa exposta no meio da praça perdeu o sentido. Ali, bem em frente a ela, a prefeitura montou um feioso quiosque de dúvidas sobre o estacionamento rotativo que, ou está vazio, ou cheio de gente que não se importa muito em dar informações.

Dá uma certa pena conversar com Dona Mariquinha, tão saudosa. O curioso é que fui atrás dela justamente porque ninguém sabia me contar direito a história do local. Se você se interessa pelo assunto, bata na porta dela, vizinha ao Ponto das Letras. Ou dê uma passadinha na Padaria Dona Cristina, que fica na esquina da Dr. Carvalho com a Santa Tereza, onde há fotos da Vila de antigamente. Na rua da Padroeira, seu Chiquinho, o dono da Drogaria Nova Esperança (que era só Esperança quando foi construída, na década de 20) tem algumas lembranças. No Centro de Integração Ambiental, que funciona no prédio da antiga cadeia, há uma exposição que tenta mostrar o passado e a cultura da cidade por meio de fotos e de algumas maquetes. Lá, procure o Joãozinho. Ele e qualquer outro antigo caiçara vão ficar felicíssimos em saber que alguém está interessado na história de Ilhabela.


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Imagem obtida aqui.

quinta-feira, maio 29, 2008

URGENTE

Continuo com dois cachorrinhos para adoção. Eles foram recolhidos da rua, na Vila, atrás da EEPSG Gabriel Ribeiro dos Santos.

Infelizmente não tenho condições de ficar com eles, pois já tenho três cachorros em casa. Quem puder ficar com eles ou souber quem pode ficar, por favor entre em contato comigo o mais rápido possível.

A todos, muito obrigado.

terça-feira, maio 27, 2008

Viveiro Municipal Aroeira

muda árvore

A quem tiver interesse (eu espero que muitos se interessem), a Prefeitura de Ilhabela continua o bom trabalho desenvolvido no Viveiro Municipal Aroeira e oferece mudas de espécies vegetais nativas em troca de alimento não-perecível.

O Viveiro Aroeira fica junto à Secretaria Municipal do Meio Ambiente, nos arredores da Cachoeira da Água Branca. Para saber mais:

Secretaria Municipal do Meio Ambiente: (12) 3896 3832
Viveiro Municipal (nem sempre tem gente lá pra atender telefone): (12) 3896 4112

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Original da imagem aqui.

domingo, maio 11, 2008

Mapa de Ilhabela

mapa ilhabela

Para baixar versões em alta resolução desta imagem:
-- Imagem JPG 1024x768
-- Imagem JPG de alta resolução (6,24MB)
-- Arquivo PDF (5,08MB)
-- Arquivo DWG original (para AutoCAD; 10,03MB)

quinta-feira, maio 08, 2008

Mensagem para você

ciclovia ilhabela
Ciclovia: lugar ideal para caminhar num dia de sol

Eu decidi que a partir de hoje vou tornar as coisas pessoais. Certos eventos só me interessarão na medida em que se manifestem diretamente a mim, na medida em que eu possa presenciá-los e me posicionar em relação a eles. Nada de tratar genericamente dos problemas desta cidade. Nada de me dirigir a pessoas que jamais se interessarão por aquilo que e escrevo. Nada de falar de temas universais, apelando para o bom senso metafísico que a maioria das pessoas têm. A atitude mais correta num mundo acostumado às banalidades do anonimato, das multidões e da impessoalidade é buscar pessoalidade e substância em tudo.

Este artigo, portanto, é para você, turista sem nome que encontrei na balsa, numa travessia recente. Você estava se apoiando numa latinha de cerveja que, depois de entornar a última gota do líquido amarelo, foi lançada ao mar. Eu pude ver que sua vida estava naquela latinha naquele momento e teria sido ótimo ver você voando como peso morto para o fundo do mar, junto com ela. Eu tentei dizer a você, turista sem nome, algo sobre a gravidade do seu ato e tudo que você foi capaz de responder foi «da próxima vez eu chamo você pra recolher minha latinha», como se falta de educação pudesse tornar seu ato risível.

Se eu pudesse dedicar-lhe algumas palavras, elas seriam: caia fora, vá jogar latinhas no chão da sua sala, Ilhabela não quer você. Porcaria, falta de educação e boçalidade têm limites. Mas você, turista sem nome, não merece conselhos. Merece apenas manter-se longe deste arquipélago. Não adianta falar com você, como não adiantou quando você fez o que fez.

Este artigo também é para aquela família adorável que caminhava faceira na ciclovia. Você, mulher, conduzia uma senhora idosa na ciclovia, a despeito dos riscos a que vocês se expunham fazendo isso. Eu, como ciclista, preocupei-me em não atropelar as duas infratoras; ainda me preocupei em parar minha viagem e orientá-las e alertá-las para o risco de um atropelamento. Você, mulher, rosnou para mim e disse que o erro era meu e que eu devia cuidar da minha vida. Você tinha razão e até seria divertido ver você lidando com o tipo de ciclista que costuma freqüentar a ciclovia -- alguns portam peixeiras, facões e pedalam numa roda só. Mande lembranças àquele seu filho ou sobrinho que queria me parabenizar pela minha atitude e torça para que ele não seja atropelado enquanto demoniza quem tenta alertar para os riscos a que sua avozinha está exposta ao caminhar numa ciclovia.

Se eu pudesse dizer algo a você sem ser interrompido por latidos, eu pediria que você e sua família se mantivessem longe desta cidade. Sugeriria também que você e sua família caminhassem na avenida principal, de preferência às 6 da tarde de qualquer dia de semana. Se vocês são capazes de hostilizar ciclistas, talvez encontrem ainda mais diversão xingando caminhoneiros e motoqueiros enquanto disputa espaço com betoneiras, picapes e motos.

Este artigo é dedicado também a você, jipeiro que quase me atropelou enquanto eu esperava a liberação do trânsito para fazer uma travessia segura. Decerto você estava com muita pressa, porque vinte segundos fizeram muita diferença. Vinte segundos foi o tempo que levei para encontrar condições de segurança e fazer a travessia da avenida. Nesse intervalo você postou seu jipe atrás de mim e começou a me xingar, como se eu estivesse ali exatamente para atrapalhar você.

Consta que você ainda trabalha como jipeiro nesta cidade e parece-me que as pessoas daqui não têm a opção de não conviver com a sua estupidez. Se eu pudesse lhe dar um conselho, eu lembraria a você que a boa educação conserva os dentes e ajuda no crescimento profissional. Torço para que os turistas que você transporta não ouçam as barbaridades que você me disse e que você, sua família e seus clientes possam se livrar de sua falta de educação.

Dedico este artigo também a você, motorista da prefeitura que quase me matou na estrada, perto da praia do Curral. O mais curioso é que você não viu a besteira que fez, limitando-se a ficar irritadinho quando o xinguei pela barbeiragem que quase me custou o pescoço. Você foi incapaz de dirigir direito, mas foi muito capaz de frear sua kombi em cima de mim e sair do veículo para tentar me agredir. Seu destempero deixou claro que você dá mais valor à honra de sua mãezinha do que à vida -- principalmente se for a vida dos outros. Nem quero imaginar como é um lugar em que as pessoas têm esse tipo de escala de valores.

Você não merece conselho algum. Merece apenas que sua carteira de habilitação seja confiscada e que você nunca mais encoste as mãos num automóvel. Vai lhe fazer bem andar a pé.

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Quem lê estas coisas sem ter qualquer relação com os fatos a que me refiro aqui deve imaginar que se trata de miudezas muito particulares. Sim, são miudezas muito particulares. Elas dizem respeito só a mim e, como eu não sou uma pessoa pública, cuja biografia pode ter alguma importância para a cidade, é natural que cada um desses eventos morra comigo. Eles só foram preservados porque resolvi escrever sobre eles.

Ocorre que as pessoas que fizeram essas coisas comigo continuam vivendo em algum lugar. Desde que esse lugar não seja aqui, fico tranqüilo.

O que me deixa menos tranqüilo é a idéia de que cada um desses fatos tenha sido coisa irrelevante para eles também, os principais responsáveis pelos próprios fatos.

O sujeito que atirou a latinha no mar parecia se orgulhar do que fez, como se fosse direito seu fazer isso. A mulher que me xingou na ciclovia mostrou-se visivelmente ofendida quando a orientei a manter sua mãe idosa longe de lá, para a segurança de ambas. O jipeiro que me xingou na avenida só não passou por cima de mim porque eu desviei a tempo. O motorista da prefeitura que quase me atropelou e que em seguida quase me encheu de porrada continua trabalhando na mesma prefeitura; ficou nervoso na hora e depois sua vida prosseguiu. A forma como os fatos aconteceram e o que aconteceu depois demonstram que essas pessoas não dão a mínima para o que outras pessoas podem dizer de seus atos.

O que me preocupa é precisamente isso. Eu continuo vivo e com saúde; o que me acontece é problema meu. O que acontece a esses imbecis também deveria ser, desde que suas biografias não cruzassem com a minha biografia e a colocasse em risco. O problema é que cruzaram e colocaram minha vida em risco e não consta que elas tenham pensado em algum momento na merda que fizeram.

Não se trata de fazer justiça, trata-se de manter essas coisas vivas e criar alguma chance de que algum dia essas pessoas se responsabilizem pela merda que fizeram. Se isso não é possível por vias legais, que seja por algum tribunal divino ou pessoal. Por isso esse discurso pessoal. Não tenho a menor vontade de encontrar essas pessoas novamente -- o turista beberrão e porco, a mulher irritadiça e ofensiva e seu filho nervosinho, o jipeiro troglodita, o motorista da prefeitura barbeiro e kickboxer. Espero apenas que lhes venha à memória a lembrança desses fatos e a noção de que o que fizeram foi errado.

Se cada pessoa puder ser responsabilizada pelo menos pelas merdas que fizeram em público, talvez esta cidade melhore um pouquinho. Se de um lado o que predomina é a estupidez e a falta de educação, de outro lado a boa memória pode evitar que essas pessoas levem suas vidas como se fossem exemplos de boa conduta social. Tento fazer minha parte refrescando a memória delas. De quebra, tento refrescar a memória do leitor que eventualmente fez coisas parecidas com as que narrei aqui. A próxima mensagem pode ser para você.

sábado, abril 26, 2008

Notas breves (mais do mesmo)

ilhabela logo

-- Ao ver as bandeiras da Cetesb na praia, pense no seguinte: não importa a cor delas -- verde ou vermelha -- o simples fato delas estarem lá é sinal de que há muito tempo as coisas vão mal. Praias constantemente limpas não precisam de avaliações semanais. O ideal, portanto, não é limpar as praias ao ponto delas estarem próprias sempre, mas ao ponto da avaliação se tornar desnecessária. Não se trata apenas de eliminar a poluição, mas ir além e eliminar a possibilidade de que elas possam ficar poluídas um dia.

-- Eu não falo mais com pessoas que levam cachorros na praia. Geralmente estes é que são mais compreensivos. Além de tudo, ultimamente a água no Canal de São Sebastião tem estado pior do que areia com bosta de cachorro. Que os bichinhos fiquem à vontade para usar a praia como banheiro; talvez isso melhore a qualidade da água. Porca miséria.

-- Existe aqui, como em muitas cidades turísticas, um fetiche por coisas perfeitas demais. Calçadas lisas demais, paredes brancas demais, trânsito organizado demais. Falta substância, sobra aparência. Falta história, sobra novidade. Do que Ilhabela precisa afinal?

-- A avenida principal de Ilhabela é um lugar extremamente barulhento. Para um lugar que até bem pouco tempo estava acostumado ao barulho de tucanos, maritacas e outros bichos, é muito preocupante. Some-se a isso, aliás, o aumento natural dos decibéis durante feriados e temporadas.

-- Benefícios imensos a qualquer cidade cujos cidadãos pedalam e caminham em vez de dirigir motos, carros e caminhões. Ilhabela segue na contramão, preocupando-se mais com aqueles que poluem e fazem barulho do que com aqueles que não poluem e pedalam e caminham em silêncio.

sábado, abril 12, 2008

Evolução populacional de Ilhabela

Evolução populacional de Ilhabela nos últimos 50 anos. O gráfico mostra o forte crescimento entre os anos 1980 e 2000 e, talvez, uma leve tendência à redução no ritmo desse crescimento. O último ponto do gráfico refere-se a 2007 (IBGE), quando Ilhabela tinha 23.886 habitantes.


(Clica na imagem para ampliar)

Passado presente



Leia aqui meu artigo da quinzena.

O que o mantém em Ilhabela? O que faz com que você prefira este lugar a qualquer outro? Se você enriqueceu, talvez queira responder que foi o êxito profissional e as conquistas financeiras que o mantiveram aqui todos esses anos. Se não enriqueceu, se não conseguiu o êxito profissional desejado, dirá que o que o mantém aqui é a conveniência da beleza do lugar, da ascendência familiar ou a aparente possibilidade de não viver sob o peso dos problemas urbanos, porque aqui eles (ainda) são brandos e suportáveis. Nos dois casos, acredite, você estará tentando acobertar aquilo que realmente o mantém aqui — os sentimentos. Admita, você gosta daqui. Sempre gostou, no passado ou no presente.

domingo, março 30, 2008

Panorâmica



Criei uma conta no Flickr, onde a partir de hoje adicionarei algumas imagens de Ilhabela. Muitas delas estão sendo usadas na pesquisa que estou desenvolvendo para o mestrado na FAU-USP.

O álbum com imagens de Ilhabela pode ser visto aqui: http://www.flickr.com/photos/christiandrs/sets/72157604314778133/

sexta-feira, março 28, 2008

Gandalf para prefeito



Leia na íntegra meu artigo da quinzena no jornal Canal Aberto.

Eu ainda me surpreendo ao ver que as pessoas crêem de verdade que coligações são coisas bacanas demais; que o que acontece entre quatro paredes legislativas ou executivas é mais importante do que aquilo que acontece fora, todos os dias; e que assinaturas e canetadas valem mais do que aquilo que é feito nesta cidade, inclusive quando as repartições públicas estão fechadas e os fiscais dormindo. Cria-se assim a impressão — falsa, é claro — de que um prefeito é uma espécie de Gandalf, o mago de «O Senhor dos Anéis»: um sábio de poderes mágicos que resolverá todos os problemas com um golpe de cajado. Você realmente acredita que política se faz com garganta e caneta? Me poupe. Isso é politicagem em sua pior forma, não política. Você já viu esse filme e sabe que o final é sempre lamentável.


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Original da imagem aqui.

domingo, março 16, 2008

Não há vagas

Você acha que as praias de Ilhabela estão cada vez mais lotadas nos feriados e temporadas? Você precisa conhecer a praia de Haeundae, na Coréia do Sul...

coréia do sul

(Clica na imagem para ver outras fotos desta praia e para ver a foto deste post em versão ampliada)

sexta-feira, março 14, 2008

Os donos da ilha

caiçara

Vi ontem o documentário «Os donos da ilha», que pode ser visto no You Tube, dividido em três partes:

Parte 1: http://www.youtube.com/watch?v=M1EykaWSz7o
Parte 2: http://www.youtube.com/watch?v=erGPOYbFu3M
Parte 3: http://www.youtube.com/watch?v=srNQyv2c2RA

Algumas impressões:

1) Assistam. Não é um documentário completo (principalmente por ser breve), muito menos conclusivo, mas é fundamental para quem quer tentar compreender a questão da cultura caiçara e sua presença no arquipélago.

A partir daqui meus comentários citarão trechos do documentário. Talvez você prefira assisti-lo para depois ler o restante deste post. Ou não.

2) É um documentário pessimista. A impressão que se tem é que a cultura caiçara se perdeu e não há solução. Bem, a cultura caiçara se perdeu (isto é um fato) e realmente não há solução (isto já é opinião). Na verdade, a cultura não é algo que se «perde». Perdem-se costumes, tradições são deixadas de lado e, afinal, a cultura se transforma. O fato é que o caiçara deixou de ser o habitante típico do litoral. Ilhabela, como a maioria das cidades do litoral, é formada hoje por migrantes -- paulistas da Grande São Paulo, mineiros e baianos, entre outros. Existe em Ilhabela forte influência da cultura que essas pessoas trazem para cá, sem falar no próprio impacto sócio-cultural que o próprio turismo traz para o arquipélago.

3) Pessimismo não é realismo. Realismo incluiria mostrar o outro lado de uma situação que parece não ter solução. As tradições caiçaras estão se perdendo? Sim. A cultura caiçara está desaparecendo? Não. Ela está se transformando. Para compreender o que essas transformações significam é necessário analisar o impacto de tradições perdidas, da cultura que influencia a cultura caiçara e dos valores que são trazidos de fora. Através dessa análise pode-se avaliar uma situação.

4) Um dos itens dessa análise é a relação do homem com o mar e com a terra. Os caiçaras relacionavam-se com o mar e com a terra de uma forma mais próxima porque dependiam deles para viver. Nós hoje também dependemos, mas temos dificuldade em ver e compreender essa dependência. É claro que isso foi uma perda, que trouxe mais danos do que benefícios. Uma questão que se pode desenvolver é como fazer com que esses benefícios ajudem na reparação dos danos -- e esta questão não é diferente daquelas propostas nas discussões ambientais acerca da sustentabilidade. Ganhar-se-ia muito, portanto, colocando pés no chão e avaliando a situação tal como ela é hoje, não como ela pode ser daqui alguns anos.

5) A respeito disso, aliás, uma «dica» foi dada quase sem querer pelo grande Mazinho, que aparece em alguns momentos do documentário. Ele diz algo como «ainda bem que tem marina, o Yacht Club, a balsa, senão esse pessoal [pescadores] estaria todo sem trabalho», sem perceber a ligação entre os fenômenos que prejudicam a pesca e outras tradições caiçaras e os fenômenos que levam à construção de marinas e ao aumento do número de embarcações de recreio no arquipélago. É sempre uma faca de dois gumes. O desenvolvimento escasseou os cardumes, mas trouxe emprego. Estes empregos não têm relação direta com a cultura caiçara, mas são bons. Ao mesmo tempo são sintomas de um processo que ajudou a degradar a cultura e as tradições. Uma questão que se coloca é se o que acontece aqui não faz parte de um processo muito mais amplo, comum ao restante do país e do mundo.

6) O documentário é fundamental não por fazer um alerta sobre algo que pode acontecer, mas sobre algo que já aconteceu e que é a realidade neste momento. Eu gostaria que ele fosse visto sempre desta forma. O problema é que a maioria das pessoas pensa: «Puxa, a cultura caiçara está se perdendo». Não, ela já se perdeu. Que ela exista ainda em algumas pessoas e em algumas festas folclóricas e religiosas, é mero acaso, mera sorte. O que devemos perguntar -- individualmente, para início -- é o que é cultura, o que ela representa para você e, afinal, por que as tradições são importantes. Não adianta suspirar pela perda de algo que você só valorizou como souvenir. Se isso não for feito, nenhuma cultura será valorizada, nem a caiçara, nem a nossa própria cultura, que é o que nos permite viver com alguma lucidez.

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Original da imagem aqui.

quarta-feira, março 12, 2008

Para entender a balneabilidade das praias



Num tópico na comunidade Ilhabela no Orkut perguntaram sobre os critérios e a lógica que poderia haver nas avaliações de balneabilidade das praias de Ilhabela, feitas pela Cetesb.

Há praias visivelmente impróprias que são vistas com bandeiras verdes, enquanto praias tradicionalmente boas -- ou, pelo menos, que costumam ser reconhecidas como de boa qualidade -- têm bandeiras vermelhas.

A resposta que adicionei ao tópico, toda ela baseada nas informações que a própria Cetesb transmitiu numa audiência pública ocorrida no ano passado, pode eliminar algumas dúvidas.

Sobre este assunto, escrevi isto um tempo atrás:
http://ilhabela.blogspot.com/2006/06/matando-o-mensageiro.html
http://ilhabela.blogspot.com/2007/05/quero-minha-praia-de-volta.html

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Na audiência a que me refiro no primeiro texto, pessoal da Cetesb veio esclarecer como eram feitos os levantamentos. Alguns intens importantes da explanação oferecida:

1) Existe um «lag» entre a coleta de amostras e a colocação da bandeira. Este «lag» se deve ao fato de que as amostras são levadas para São José dos Campos, onde são analisadas. Os resultados demoram cerca de um dia para serem obtidos. Leva mais um tempo até que funcionários da Cetesb voltem ao litoral para colocar as bandeiras. Naturalmente, dispõe de poucos funcionários para todo o litoral norte, o que torna o processo ainda mais lento.

2) A qualidade da água varia muito mesmo em uma mesma praia -- ainda que seja pequena. Há trechos em que o esgoto rola solto, como todos sabemos. Contudo, dependendo da correnteza, esse esgoto tanto pode se dissipar rapidamente e nem chegar ao ponto onde são colhidas as amostras como pode ficar todo acumulado na orla de toda a praia. Pode acontecer também do esggoto derramado numa praia acumular-se em outra praia tida normalmente como limpa e própria.

3) O regime de chuvas é um fator que influencia muito a qualidade das praias. Um período de seca melhora sensivelmente a qualidade das águas. Basta chover para descer esgoto e sujeira para o mar. Novamente, vale aqui o que foi dito sobre o «lag»: bandeiras verdes podem ser vistas em períodos de chuva, de mar lamacento; enquanto que em períodos de seca as bandeiras vermelhas podem ser vistas às vezes, a despeito da boa aparência das águas.

4) O levantamento da Cetesb pretende -- palavras dos próprios profissionais na audiência pública -- ser apenas um referencial, não um atestado 100% seguro da qualidade da praia. A presença ocasional de uma bandeira vermelha significa que aquela praia está sujeita a quedas na qualidade. IMHO, isso já é alerta suficiente.

Na ocasião da audiência os próprios vereadores questionaram a possibilidade de haver alguma má intenção dos profissionais da Cetesb. A explicação deles eliminou qualquer mal-estar.

O que há, como talvez tenha ficado claro no texto «Matando o mensageiro» é um interesse local em que os boletins «negativos» não sejam divulgados. Há diversas ocorrências de bandeiras vermelhas que foram roubadas das praias e a impressão que algumas pessoas têm é que a Cetesb se coloca «contra» o município quando divulga boletins que revelam a qualidade decadente de nossas praias.

As praias não são sujas por elas mesmas, por razões naturais -- embora isso possa ocorrer também. Em Ilhabela, o que estraga as praias é o esgoto. Por isso a chuva é um fator decisivo: basta chover para o esgoto descer para as praias e torná-las impróprias.

Podem tentar culpar a Cetesb por divulgar os boletins de balneabilidade, podem querer culpar São Pedro, mas o fato é que a cidade está estragando as praias.

Se não é possível evitar que os rios e córregos corram para o mar, talvez seja possível evitar que o esgoto chegue a eles.


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Original da imagem: acervo do autor.

sábado, março 08, 2008

Sobre as mudanças neste blog

Como muitos notarão, o layout deste blog foi modificado novamente. Com algum tempo e paciência descobri os novos recursos do Blogger (alguns nem tão novos assim; apenas novos para mim, que raramente estava atento a eles). Por partes:

1) A imagem do topo é da Ponta do Pequeá -- fotografia que tirei cerca de um mês atrás. Além do significado pessoal que esse lugar tem, escolhi essa imagem por causa de sua pouca exuberância, comparada com as «imagens de poster» que a maioria das pessoas escolhe para representar Ilhabela. Autenticidade é uma virtude e é bom que as imagens correspondem àquilo que o lugar é. A meu ver, Ilhabela é tal como a imagem do topo deste blog mostra: um lugar mais sereno do que exuberante, mais normal do que extraordinário -- e são estas qualidades que o tornam especial, humano e próximo dos pés e dos olhos de quem vive nele.

2) Todo mês (espero) este blog terá uma enquete diferente. Participem e dêem sua opinião aí na barra lateral. A primeira enquete deste blog, como vocês podem notar, trata de política e dos principais problemas de Ilhabela.

3) Escolhi o padrão «Georgia» para as fontes para dar um aspecto mais formal ao blog. Naturalmente não espero com isso ser levado mais a sério; apenas gostaria que as fontes e o aspecto geral do blog transmitisse o tipo de reverência que tenho para com este lugar e os problemas que o afligem.

4) Como de costume, continuo receptivo a sugestões. Se você as tiver ou se quiser comentar algo, tecer críticas ou simplesmente descer o malho, sirvam-se das caixas de comentários dos posts deste blog ou enviem-me um e-mail em christian arroba gropius ponto com.

sexta-feira, março 07, 2008

Não diga que é impossível

vila ilhabela

Artigo da quinzena no jornal Canal Aberto.

Quando uma pessoa pública declara que uma determinada ação necessária para o bom funcionamento da cidade é impossível de se realizar, eu lembro do médico que desenganou o paciente que contraiu uma gripe. A atitude digna do profissional é buscar soluções e, quando elas não existem, pesquisá-las e criá-las. Sempre haverá uma solução e será razoavelmente fácil desenvolvê-la quando se tenta oferecer uma resposta sincera a um problema, mesmo que ele pareça insolúvel.

quarta-feira, fevereiro 27, 2008

Cidades para bicicletas, cidades de futuro

urban cyclist

Estou disponibilizando para download a publicação da Comissão Européia para Meio Ambiente sobre bicicletas e a importância desse meio de transporte para o desenvolvimento sustentado das cidades. O título da publicação é o título deste post. Trata-se de uma obra lúcida e objetiva, que demonstra -- para quem ainda tem dúvidas -- que a qualidade urbana depende da utilização de meios de transporte tidos hoje como "alternativos". Naturalmente, a bicicleta é um desses meios e talvez aquele que concilie melhor a necessidade de deslocamento com a necessidade de planejar e melhorar o ambiente urbano.

A publicação fala ainda das vantagens econômicas do uso de sistemas de transporte alternativos e de como o carro pode ser um tiro pela culatra no que diz respeito à rentabilidade e à funcionalidade das cidades.

A todos aqueles que pretendem fazer algo por Ilhabela, que gostariam de resolver as questões viárias da cidade (que já se tornaram há tempos um problema sério de saúde pública, com mortos e acidentados) e que, ao mesmo tempo, se dizem de mãos atadas, a leitura desta publicação pode ser um bom começo.

Para baixar a obra em formato PDF (que pode ser lida pelo Acrobat Reader ou pelo Foxit Reader), basta acessar este link:
http://www.4shared.com/file/39093412/a554f56b/Cidades_para_bicicletas_-_CE.html

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Original da imagem aqui.

segunda-feira, fevereiro 25, 2008

A matemática da preservação



Ilhabela, cidade campeã de preservação da Mata Atlântica

Quantas vezes você já ouviu ou leu isso? Façamos algumas contas para saber o que isso significa.

O arquipélago de Ilhabela tem 348 km² de área. Desse total, estima-se que 83% estejam preservados.

O Parque Estadual de Ilhabela, que integra a ZRT (Zona de Restrição Total) do arquipélago, corresponde a 78% da área total do arquipélago.

Agora considere o seguinte:

Área total do arquipélago de Ilhabela: 100%
Mata atlântica preservada: 83%
Parque Estadual de Ilhabela: 78%

Considerando que o Parque Estadual é responsabilidade do Governo do Estado e é protegido pelo decreto estadual nº 9414, de 20 de janeiro de 1977, estes números equivalem a dizer que, de um total de 83% de mata atlântica preservada, apenas 5% estão efetivamente no município de Ilhabela, isto é, sob responsabilidade do poder público municipal.

Se a área do município fora do Parque Estadual equivale a 22% de todo o arquipélago, percebemos que a preservação no município é muito menor do que se imagina, menos de 1/4 da área que efetivamente pertence ao município.

Naturalmente, temos que considerar o fato de que dentro desses 22% está situada a cidade -- com casas, comércio, ruas etc. Mesmo assim, são números bastante reveladores, que dão outro aspecto aos índices de preservação de mata atlântica no arquipélago.

Eu já havia falado disso antes. Desta vez, com números, fica mais difícil ter dúvidas da importância do Parque Estadual para o arquipélago e da participação do município -- sociedade civil e poder público municipal -- na preservação do meio ambiente. Não que estas coisas não possam ser percebidas sem os números, mas diante deles não há muito o que discutir. Há, sim, muito para fazer.

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Original da imagem aqui.

Pague para estacionar

Poucas pessoas sabem, mas os parquímetros instalados na Vila são provisórios. Estão em fase de testes e deverão ser substituídos em breve por um modelo mais elegante, moderno e definitivo:



Em breve, muito em breve, dizer que "usar carro em Ilhabela é um jogo de azar" não será mera força de expressão.