domingo, março 30, 2008

Panorâmica



Criei uma conta no Flickr, onde a partir de hoje adicionarei algumas imagens de Ilhabela. Muitas delas estão sendo usadas na pesquisa que estou desenvolvendo para o mestrado na FAU-USP.

O álbum com imagens de Ilhabela pode ser visto aqui: http://www.flickr.com/photos/christiandrs/sets/72157604314778133/

sexta-feira, março 28, 2008

Gandalf para prefeito



Leia na íntegra meu artigo da quinzena no jornal Canal Aberto.

Eu ainda me surpreendo ao ver que as pessoas crêem de verdade que coligações são coisas bacanas demais; que o que acontece entre quatro paredes legislativas ou executivas é mais importante do que aquilo que acontece fora, todos os dias; e que assinaturas e canetadas valem mais do que aquilo que é feito nesta cidade, inclusive quando as repartições públicas estão fechadas e os fiscais dormindo. Cria-se assim a impressão — falsa, é claro — de que um prefeito é uma espécie de Gandalf, o mago de «O Senhor dos Anéis»: um sábio de poderes mágicos que resolverá todos os problemas com um golpe de cajado. Você realmente acredita que política se faz com garganta e caneta? Me poupe. Isso é politicagem em sua pior forma, não política. Você já viu esse filme e sabe que o final é sempre lamentável.


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Original da imagem aqui.

domingo, março 16, 2008

Não há vagas

Você acha que as praias de Ilhabela estão cada vez mais lotadas nos feriados e temporadas? Você precisa conhecer a praia de Haeundae, na Coréia do Sul...

coréia do sul

(Clica na imagem para ver outras fotos desta praia e para ver a foto deste post em versão ampliada)

sexta-feira, março 14, 2008

Os donos da ilha

caiçara

Vi ontem o documentário «Os donos da ilha», que pode ser visto no You Tube, dividido em três partes:

Parte 1: http://www.youtube.com/watch?v=M1EykaWSz7o
Parte 2: http://www.youtube.com/watch?v=erGPOYbFu3M
Parte 3: http://www.youtube.com/watch?v=srNQyv2c2RA

Algumas impressões:

1) Assistam. Não é um documentário completo (principalmente por ser breve), muito menos conclusivo, mas é fundamental para quem quer tentar compreender a questão da cultura caiçara e sua presença no arquipélago.

A partir daqui meus comentários citarão trechos do documentário. Talvez você prefira assisti-lo para depois ler o restante deste post. Ou não.

2) É um documentário pessimista. A impressão que se tem é que a cultura caiçara se perdeu e não há solução. Bem, a cultura caiçara se perdeu (isto é um fato) e realmente não há solução (isto já é opinião). Na verdade, a cultura não é algo que se «perde». Perdem-se costumes, tradições são deixadas de lado e, afinal, a cultura se transforma. O fato é que o caiçara deixou de ser o habitante típico do litoral. Ilhabela, como a maioria das cidades do litoral, é formada hoje por migrantes -- paulistas da Grande São Paulo, mineiros e baianos, entre outros. Existe em Ilhabela forte influência da cultura que essas pessoas trazem para cá, sem falar no próprio impacto sócio-cultural que o próprio turismo traz para o arquipélago.

3) Pessimismo não é realismo. Realismo incluiria mostrar o outro lado de uma situação que parece não ter solução. As tradições caiçaras estão se perdendo? Sim. A cultura caiçara está desaparecendo? Não. Ela está se transformando. Para compreender o que essas transformações significam é necessário analisar o impacto de tradições perdidas, da cultura que influencia a cultura caiçara e dos valores que são trazidos de fora. Através dessa análise pode-se avaliar uma situação.

4) Um dos itens dessa análise é a relação do homem com o mar e com a terra. Os caiçaras relacionavam-se com o mar e com a terra de uma forma mais próxima porque dependiam deles para viver. Nós hoje também dependemos, mas temos dificuldade em ver e compreender essa dependência. É claro que isso foi uma perda, que trouxe mais danos do que benefícios. Uma questão que se pode desenvolver é como fazer com que esses benefícios ajudem na reparação dos danos -- e esta questão não é diferente daquelas propostas nas discussões ambientais acerca da sustentabilidade. Ganhar-se-ia muito, portanto, colocando pés no chão e avaliando a situação tal como ela é hoje, não como ela pode ser daqui alguns anos.

5) A respeito disso, aliás, uma «dica» foi dada quase sem querer pelo grande Mazinho, que aparece em alguns momentos do documentário. Ele diz algo como «ainda bem que tem marina, o Yacht Club, a balsa, senão esse pessoal [pescadores] estaria todo sem trabalho», sem perceber a ligação entre os fenômenos que prejudicam a pesca e outras tradições caiçaras e os fenômenos que levam à construção de marinas e ao aumento do número de embarcações de recreio no arquipélago. É sempre uma faca de dois gumes. O desenvolvimento escasseou os cardumes, mas trouxe emprego. Estes empregos não têm relação direta com a cultura caiçara, mas são bons. Ao mesmo tempo são sintomas de um processo que ajudou a degradar a cultura e as tradições. Uma questão que se coloca é se o que acontece aqui não faz parte de um processo muito mais amplo, comum ao restante do país e do mundo.

6) O documentário é fundamental não por fazer um alerta sobre algo que pode acontecer, mas sobre algo que já aconteceu e que é a realidade neste momento. Eu gostaria que ele fosse visto sempre desta forma. O problema é que a maioria das pessoas pensa: «Puxa, a cultura caiçara está se perdendo». Não, ela já se perdeu. Que ela exista ainda em algumas pessoas e em algumas festas folclóricas e religiosas, é mero acaso, mera sorte. O que devemos perguntar -- individualmente, para início -- é o que é cultura, o que ela representa para você e, afinal, por que as tradições são importantes. Não adianta suspirar pela perda de algo que você só valorizou como souvenir. Se isso não for feito, nenhuma cultura será valorizada, nem a caiçara, nem a nossa própria cultura, que é o que nos permite viver com alguma lucidez.

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Original da imagem aqui.

quarta-feira, março 12, 2008

Para entender a balneabilidade das praias



Num tópico na comunidade Ilhabela no Orkut perguntaram sobre os critérios e a lógica que poderia haver nas avaliações de balneabilidade das praias de Ilhabela, feitas pela Cetesb.

Há praias visivelmente impróprias que são vistas com bandeiras verdes, enquanto praias tradicionalmente boas -- ou, pelo menos, que costumam ser reconhecidas como de boa qualidade -- têm bandeiras vermelhas.

A resposta que adicionei ao tópico, toda ela baseada nas informações que a própria Cetesb transmitiu numa audiência pública ocorrida no ano passado, pode eliminar algumas dúvidas.

Sobre este assunto, escrevi isto um tempo atrás:
http://ilhabela.blogspot.com/2006/06/matando-o-mensageiro.html
http://ilhabela.blogspot.com/2007/05/quero-minha-praia-de-volta.html

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Na audiência a que me refiro no primeiro texto, pessoal da Cetesb veio esclarecer como eram feitos os levantamentos. Alguns intens importantes da explanação oferecida:

1) Existe um «lag» entre a coleta de amostras e a colocação da bandeira. Este «lag» se deve ao fato de que as amostras são levadas para São José dos Campos, onde são analisadas. Os resultados demoram cerca de um dia para serem obtidos. Leva mais um tempo até que funcionários da Cetesb voltem ao litoral para colocar as bandeiras. Naturalmente, dispõe de poucos funcionários para todo o litoral norte, o que torna o processo ainda mais lento.

2) A qualidade da água varia muito mesmo em uma mesma praia -- ainda que seja pequena. Há trechos em que o esgoto rola solto, como todos sabemos. Contudo, dependendo da correnteza, esse esgoto tanto pode se dissipar rapidamente e nem chegar ao ponto onde são colhidas as amostras como pode ficar todo acumulado na orla de toda a praia. Pode acontecer também do esggoto derramado numa praia acumular-se em outra praia tida normalmente como limpa e própria.

3) O regime de chuvas é um fator que influencia muito a qualidade das praias. Um período de seca melhora sensivelmente a qualidade das águas. Basta chover para descer esgoto e sujeira para o mar. Novamente, vale aqui o que foi dito sobre o «lag»: bandeiras verdes podem ser vistas em períodos de chuva, de mar lamacento; enquanto que em períodos de seca as bandeiras vermelhas podem ser vistas às vezes, a despeito da boa aparência das águas.

4) O levantamento da Cetesb pretende -- palavras dos próprios profissionais na audiência pública -- ser apenas um referencial, não um atestado 100% seguro da qualidade da praia. A presença ocasional de uma bandeira vermelha significa que aquela praia está sujeita a quedas na qualidade. IMHO, isso já é alerta suficiente.

Na ocasião da audiência os próprios vereadores questionaram a possibilidade de haver alguma má intenção dos profissionais da Cetesb. A explicação deles eliminou qualquer mal-estar.

O que há, como talvez tenha ficado claro no texto «Matando o mensageiro» é um interesse local em que os boletins «negativos» não sejam divulgados. Há diversas ocorrências de bandeiras vermelhas que foram roubadas das praias e a impressão que algumas pessoas têm é que a Cetesb se coloca «contra» o município quando divulga boletins que revelam a qualidade decadente de nossas praias.

As praias não são sujas por elas mesmas, por razões naturais -- embora isso possa ocorrer também. Em Ilhabela, o que estraga as praias é o esgoto. Por isso a chuva é um fator decisivo: basta chover para o esgoto descer para as praias e torná-las impróprias.

Podem tentar culpar a Cetesb por divulgar os boletins de balneabilidade, podem querer culpar São Pedro, mas o fato é que a cidade está estragando as praias.

Se não é possível evitar que os rios e córregos corram para o mar, talvez seja possível evitar que o esgoto chegue a eles.


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Original da imagem: acervo do autor.

sábado, março 08, 2008

Sobre as mudanças neste blog

Como muitos notarão, o layout deste blog foi modificado novamente. Com algum tempo e paciência descobri os novos recursos do Blogger (alguns nem tão novos assim; apenas novos para mim, que raramente estava atento a eles). Por partes:

1) A imagem do topo é da Ponta do Pequeá -- fotografia que tirei cerca de um mês atrás. Além do significado pessoal que esse lugar tem, escolhi essa imagem por causa de sua pouca exuberância, comparada com as «imagens de poster» que a maioria das pessoas escolhe para representar Ilhabela. Autenticidade é uma virtude e é bom que as imagens correspondem àquilo que o lugar é. A meu ver, Ilhabela é tal como a imagem do topo deste blog mostra: um lugar mais sereno do que exuberante, mais normal do que extraordinário -- e são estas qualidades que o tornam especial, humano e próximo dos pés e dos olhos de quem vive nele.

2) Todo mês (espero) este blog terá uma enquete diferente. Participem e dêem sua opinião aí na barra lateral. A primeira enquete deste blog, como vocês podem notar, trata de política e dos principais problemas de Ilhabela.

3) Escolhi o padrão «Georgia» para as fontes para dar um aspecto mais formal ao blog. Naturalmente não espero com isso ser levado mais a sério; apenas gostaria que as fontes e o aspecto geral do blog transmitisse o tipo de reverência que tenho para com este lugar e os problemas que o afligem.

4) Como de costume, continuo receptivo a sugestões. Se você as tiver ou se quiser comentar algo, tecer críticas ou simplesmente descer o malho, sirvam-se das caixas de comentários dos posts deste blog ou enviem-me um e-mail em christian arroba gropius ponto com.

sexta-feira, março 07, 2008

Não diga que é impossível

vila ilhabela

Artigo da quinzena no jornal Canal Aberto.

Quando uma pessoa pública declara que uma determinada ação necessária para o bom funcionamento da cidade é impossível de se realizar, eu lembro do médico que desenganou o paciente que contraiu uma gripe. A atitude digna do profissional é buscar soluções e, quando elas não existem, pesquisá-las e criá-las. Sempre haverá uma solução e será razoavelmente fácil desenvolvê-la quando se tenta oferecer uma resposta sincera a um problema, mesmo que ele pareça insolúvel.