terça-feira, outubro 28, 2008

Politicamente atrofiados

urna eletrônica
(link da imagem)

Leia na íntegra meu artigo mais recente no jornal Canal Aberto.
Apesar da massa comum que disputa as eleições a cada dois anos — gente como eu ou você, ou um pouco menos —, é comum também a idéia de que o sistema político é complexo, insondável e incompreensível. Até hoje eu não sei de quê são feitas as leis, de onde elas vêm, do que se alimentam, e raramente encontro quem possa me explicar todas essas coisas. Eu vejo o noticiário político e imediatamente me vêm à cabeça todas as profecias sobre o surgimento do Anticristo, que, afinal, não é uma pessoa, mas um sistema, uma massa ou um labirinto. O nome desse labirinto é política. Candidaturas são a expressão do desejo de encontrar a saída desse labirinto e depois cobrar ingressos para que outras pessoas possam refazer o caminho dentro dele. O voto é uma espécie de aposta que se faz na capacidade daquele sujeito encontrar a saída do labirinto, mesmo quando ele está visivelmente mais perdido do que todos nós.

Tragédia anunciada

Vejam só.

Em 2006 a Praça das Bandeiras foi completamente destruída em nome de um projeto de reurbanização. Várias árvores antigas tombaram; a praça ficou totalmente desfigurada, assim como a memória da Vila. A nova praça é simpática, mas as cicatrizes permanecem.

Nestas últimas semanas tenho verificado que as transformações continuam e a idéia é continuar desfigurando a Vila.

Recentemente a rua da Padroeira foi alargada no trecho que corresponde à EEPSG Gabriel Ribeiro dos Santos. Isto implicou três transformações cujo valor ainda não me é evidente:

1) A calçada foi reduzida nesse trecho. Pode-se argumentar que transitam por aí poucos pedestres e que, por outro lado, a necessidade de espaços para automóveis é cada vez maior. Isso demonstra a prioridade da intervenção: veículos em vez de pessoas.

2) Os carros estacionam em 45°, mesmo que não haja placa indicando que isso deve ser feito. Se o objetivo era melhorar o trânsito nesse trecho, isso não ocorre especialmente quando veículos de grande porte estacionam em 45°.

3) A redução do nível do piso expôs as raízes das árvores, enfraquecendo-as. Uma delas tombou num vendaval recente; não há nada que assegure que as outras duas árvores restantes não terão o mesmo destino. A ausência de trabalhadores no local há vários dias sugere que a obra está terminada e o objetivo é mesmo deixar as árvores com raízes expostas até que venha o próximo vendaval.

Naturalmente, o 1º e o 2º itens não preocupam tanto quanto o 3º. Pouco espaço para pedestres e trânsito confuso são café pequeno diante da possibilidade de uma árvore cair em cima de alguém ou de algum carro.

quinta-feira, outubro 23, 2008

Pesquisa Ibope 2008 revela: somos bundas-moles

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A pesquisa do IBOPE 2008, realizada em parceria com a ONG Nossa Ilha Mais Bela, revela algo que todos já suspeitávamos: somos bundas-moles.

73% dos entrevistados acredita que os problemas da cidade são responsabilidade da Prefeitura. Outros 10% citaram alguma outra esfera governamental. Somente 7% dos entrevistados acham que a responsabilidade é da população. A imagem acima (clica para ampliar) mostra os números da pesquisa.

O arquivo completo da pesquisa IBOPE 2008 pode ser encontrado aqui.

*
Se você pensa como a maioria, talvez deva ler este artigo, que publiquei no falecido Jornal da Ilha em 2005, e pensar mais uma vez.


República Socialista de Ilhabela
8 de maio de 2005
Christian Rocha


Pergunte a qualquer pessoa de Ilhabela sobre as principais realizações da Prefeitura. Cidadãos satisfeitos mencionarão as ruas pavimentadas, o hospital municipal, as escolas, a reforma da Vila e os cruzeiros marítimos. Cidadãos insatisfeitos mencionarão a expansão imobiliária, a poluição das praias e dos rios, o aumento da violência e os problemas de trânsito nos feriados. Todos destacarão pontos positivos ou negativos e ficarão muito longe daquela que, até o momento, foi a principal realização da gestão Manoel Marcos: a ampliação da estrutura e da influência sócio-econômica da Prefeitura sobre a cidade.

quarta-feira, outubro 22, 2008

Aikido Ilhabela

aikido ilhabela

O site do Shin Shin Toitsu Aikido Ilhabela está em novo endereço. Este:

http://aikidoilhabela.wordpress.com/

Para quem não sabe, trata-se do grupo onde treino há aproximadamente 10 anos (também sou um dos instrutores).

O site do nosso dojo ganhou novos recursos e dispões de textos sobre a arte, informações sobre as aulas, além de ebooks para download, imagens e links interessantes.

Quem estiver em Ilhabela e região, aceite meu convite para participar de um de nossos treinos e, querendo, juntar-se a nós.

quinta-feira, outubro 16, 2008

Do oriente para Ilhabela

aikido

Uma discussão freqüente, que ganha fôlego em períodos de transição política como a que estamos vivendo, é aquela que trata da cultura, de como ela pode participar da vida desta cidade e de como desenvolvê-la. Ilhabela, como outras cidades do litoral paulista, tem raízes caiçaras, ligadas à terra e ao mar, e ao mesmo tempo forte influência da cultura de migrantes de diversas origens. A cultura caiçara está no folclore, na arte, na ascendência familiar cada vez mais rarefeita, na culinária, num jeito de cada vez mais incomum de viver e de relacionar-se com o lugar. A cultura do migrante pode ser metropolitana ou cosmopolita (como a dos paulistanos), sertaneja (como a de alguns mineiros e nordestinos), caipira (como a dos que vêm do interior de São Paulo) ou mesmo caiçara com outros acentos (como a cultura das pessoas que vêm de outras partes do litoral paulista para Ilhabela.

Como manifestação espontânea, a cultura caiçara desaparece um pouco a cada ano, resistindo no folclore e no artesanato. Em seu lugar solidifica-se uma cultura ainda amorfa, construída por influências diversas que ainda estão longe de ser compreendidas separadamente e que, portanto, não chegam a representar uma renovação da cultura local. Assim como não existe uma cultura brasileira definida, também não há uma cultura ilhabelense.

Apesar disso, a busca é genuína e necessária, já que o vácuo deixado pela cultura caiçara é cada vez maior. Migrantes não encontram plenas condições de estabelecer por aqui todos os hábitos e costumes sócio-culturais de seus lugares de origem -- e isso é bom, porque seria contraditório e poria em risco o próprio lugar ou ao menos atestaria sua fragilidade. Ao mesmo tempo, aos caiçaras é cada vez mais difícil manter um modo de vida estritamente ligado ao lugar, já que este é cada vez mais alterado e ocupado.

A resposta, se há alguma, pode estar naquilo que ainda não foi reconhecido como cultura, mas que participa de nossas vidas. A resposta pode vir do Oriente, de práticas consideradas exóticas demais para serem acrescentadas ao rol de práticas oficiais e populares, mas que trazem grandes benefícios a quem se dedica a elas.

Uma dessas práticas é o yoga (ou a ioga, como alguns chamam). Essa arte indiana é mais ampla do que fazem supor os alongamentos e flexões mais difíceis. Não se trata apenas de torcer o corpo, alongar e reforçar músculos e meditar. Trata-se de construir pessoas melhores, de desenvolver a própria consciência, de praticar preceitos como ahimsa (não-violência) e satya (verdade). O yoga baseia-se nesses e noutros princípios e as posturas (aquilo que costumamos chamar de yoga) na verdade são práticas decorrentes desses preceitos.

O yoga não torna as pessoas apenas mais flexíveis e saudáveis. O yoga as torna também melhores emocional, intelectual e espiritualmente. Quem pratica esta arte torna-se mais calmo, mais leve, emocionalmente mais vivo e mais consciente de si e do mundo. Estas qualidades são boas para pessoas de qualquer lugar do mundo e, naturalmente, tornam esse lugar melhor.

Outra prática que oferece diversos benefícios a seus praticantes é o aikido. Trata-se uma arte marcial japonesa que combina movimentos circulares, torções, arremessos -- todos realizados com mínimo esforço e máximo aproveitamento da força do oponente. Além das técnicas marciais, no aikido aprende-se a usar melhor a energia vital, chamada de "ki". Esse aprendizado desenvolve-se com exercícios aeróbicos, de consciência corporal e de respiração, além das próprias técnicas marciais. Essas práticas desenvolvem o ki e este, por sua vez, ajuda nessas práticas.

Assim como o yoga, o aikido também possui princípios que orientam o praticante e o desenvolvimento dentro da arte. No aikido não é permitido nenhum tipo de competição e a atmosfera predominante nos treinos é de cooperação. Embora o objetivo seja a eficiência marcial, o praticante deve atingi-la sem no entanto ferir o oponente. Há também a noção de que o controle de um oponente passa necessariamente pelo controle de si mesmo; entregar-se ao espírito belicoso de um ataque significa entregar-se à violência, algo que é sempre evitado no aikido.

O aikido também torna as pessoas melhores ao torná-las mais conscientes de si mesmas, mais equilibradas e mais saudáveis. A postura é melhorada significativamente; com isso a respiração também melhora e a saúde global do praticante também se beneficia. A saúde do corpo estende-se à mente, tranqüilizando-o sem entorpecê-lo. Com serenidade é mais fácil trabalhar, pensar, relacionar-se com outras pessoas. O praticante ganha e todos ganham.

Existem várias outras artes e práticas orientais que poderiam ser listadas e explicadas aqui. Há, por exemplo, o zen-budismo: alguns o chamam de religião, outros de filosofia. Há outras artes marciais além do aikido e várias outras práticas indianas, como o kundalini. O importante é que se lhe reconheça o valor para a vida de um modo geral.

Essas artes não são aceitas como parte da cultura local por diversos motivos. O primeiro é o fato dessas artes terem fortes raízes estrangeiras. O aikido sempre será japonês e o yoga sempre será indiano. Apesar disso, adaptações podem acontecer, muitas vezes com sucesso. Por exemplo, a capoeira tem forte ascendência africana, mas hoje é mundialmente associada ao Brasil. O brazilian jiu-jitsu, também muito conhecido em muitos países, é uma derivação do jujutsu japonês. Estas artes vieram para o Brasil, foram transformadas e hoje são divulgadas como algo brasileiro.

Obviamente, agregar exemplares exóticos à cultura é um processo que acontece espontaneamente. O que proponho não é somar o aikido e o yoga à cultura de Ilhabela, mas, antes disso, observar os efeitos destas e de outras artes sobre as pessoas e sobre a sociedade e avaliar, afinal, o que é que se deseja. Digo isso porque muita porcaria passa a fazer parte da cultura local sem que se tenha plena consciência de seus efeitos sobre a sociedade. Estas coisas simplesmente vêm e são recebidas, ainda que causem danos morais, culturais e sociais.

E para que essa avaliação seja possível, atenção. Isto, infelizmente, não se ensina, não se impõe, não se estimula. No máximo o que se pode fazer é mostrar aos desatentos as relações entre aquela ruindade miúda (de um mau hábito, de uma música ruim) e a ruindade que afeta uma cidade inteira. Que permaneçam imersos na porcaria, entende-se, mas que não seja por falta de aviso.

*
Saiba mais:
Shin Shin Toitsu Aikido Ilhabela

Pesquisa IBOPE Ilhabela (não é aquela)

Neste sábado, dia 18, a ONG Nossa Ilha Mais Bela apresentará a segunda pesquisa do IBOPE sobre Ilhabela (esta pesquisa não tem nenhuma relação com aquela outra e as pessoas responsáveis por ela não foram colocadas para correr da cidade).

Pesquisa IBOPE revela percepção cidadã em Ilhabela

Encomendada pelo Movimento Nossa Ilha Mais Bela, a segunda edição da pesquisa mostrará como os moradores percebem a cidade, gerando indicadores de qualidade de vida que devem subsidiar um plano de metas para orientar os trabalhos da prefeitura e de outras instituições.

O Movimento Nossa Ilha Mais Bela traz no próximo sábado, dia 18, a diretora do IBOPE, Márcia Cavalari, para apresentar os resultados da segunda pesquisa de percepção cidadã, feita com a população local entre os dias 23 e 26 de setembro. O objetivo é saber como este público percebe cidade e o que deseja para a melhoria da qualidade de vida em Ilhabela, além de gerar um comparativo com os dados colhidos no ano passado, que permitirá o acompanhamento da evolução desses indicadores.


Mais informações sobre o evento aqui. O evento é aberto e todos que se interessam por Ilhabela podem (e devem) participar.

sexta-feira, outubro 10, 2008

Depois das eleições

storm sailing boat
Tempestade à frente? Só o futuro dirá. (link da imagem)

Meu artigo mais recente no jornal Canal Aberto. Para ler na íntegra, clique aqui.

Se as eleições revelam até onde as pessoas estão dispostas a ir para realçar as diferenças, as semanas que as sucedem trazem-nas de volta à realidade: este arquipélago é um só. Isto significa que não há diferenças importantes, mesmo que os partidos e seus líderes digam o contrário.(...)

segunda-feira, outubro 06, 2008

E agora?

Como todos já devem saber, Toninho Colucci será o novo prefeito de Ilhabela a partir de janeiro próximo. A ele, parabéns, boa sorte e que ele seja capaz de superar as expectativas que lhe depositam desde já.

Os números completos sobre as eleições municipais deste ano podem ser vistos aqui, inclusive com os nomes dos vereadores para a gestão 2009-2012. Aos novos vereadores, parabéns, boa sorte e sabedoria. Aos que se reelegeram, também -- e que saibam assimilar as lições da gestão que se encerra.

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Com as eleições encerradas, encerro também uma enquete e inicio outra, sobre as prioridades para o município. Esta enquete já esteve neste blog uns meses atrás, mas como o período eleitoral trouxe à tona alguns assuntos e sepultou outros, talvez seja adequado propô-la novamente. Além disso, graças às eleições este blog ganhou alguns leitores, que simplesmente não tiveram acesso a esta enquete antes.

Assim, convido todos a dar sua opinião na barra lateral deste blog.

O internauta poderá escolher mais de uma opção, mas tentem limitar-se a no máximo três opções. Para comentários sobre a enquete, usem a respectiva área deste post.

A todos, muito obrigado.