quinta-feira, janeiro 29, 2009

Fim de janeiro

estátua ilhabela

A estáuta da rotatória -- por Michelangelo, o que é aquilo?!? Vereadores ilhabelenses discutem a retirada da estátua e há quem diga que se trata de discussão sem importância, que há prioridades maiores. Há, sem dúvida, mas a mancha à porta da cidade também é assunto importante. Símbolos têm um peso difícil de medir sobre o imaginário dos habitantes de uma cidade.

Imagine o Rio de Janeiro sem o Cristo Redentor, ou Nova York sem a Estátua da Liberdade. Logicamente estes símbolos nem sempre estiveram lá, mas uma vez instalados, ajudaram na construção de uma identidade nos moradores daquelas cidades.

Não acho que seja prioridade substituir a estátua -- que pretendia representar um caiçara --, mas considero prioritário tirá-la de lá. Vai que as pessoas começam a se identificar com o monstrengo.

Confusões no Curral -- a DPNY tornou-se notícia em duas importantes revistas (VejaSP e IstoÉ) por conta de brigas ocorridas nas dependências daquele hotel. Vale a pena ler as duas matérias. De minha parte, espero que tudo seja minuciosamente apurado e os responsáveis sejam punidos.

Desde os anos 80 o Curral tem sido a praia mais badalada de Ilhabela. Criou-se aí um ambiente diferente do das demais praias de Ilhabela, movido a turismo de massas, mesas e cadeiras na areia da praia, muita concorrência entre todos aqueles que tentam se aproveitar financeiramente da grande movimentação comum nas temporadas e feriados.

O que houve na DPNY reflete de algum modo o tipo de ambiente em que o Curral se transformou: uma praia em que, mesmo com areia, sol e mar, as pessoas esquecem que estão em Ilhabela e transformam horas tranqüilas numa busca nervosa por um relaxamento que nunca virá.

Ciclovia -- entre as inúmeras discussões deste primeiro mês de nova gestão municipal, merece destaque aquela sobre a ciclovia. Discutem-se formas de melhorar e ampliar a ciclovia de Ilhabela. Entre as idéias disponíveis, há a perspectiva de desapropriar imóveis na orla (em especial no Perequê e no limite entre Itaguassu e Engenho d'Água) ou construir ciclofaixas. Esta opção se mostra mais viável e prática -- e é a que prefiro, como ciclista e como arquiteto.

Embora pareça assunto menor, a ampliação da ciclovia trará melhores condições para moradores, veranistas e turistas e, claro, reduzirá os problemas no trânsito de Ilhabela, marcado por diversos acidentes de moto e carro, alguns envolvendo ciclistas.

Mar de lama -- com chuva todas as semanas desde outubro, as praias do Canal de São Sebastião têm-se mostrado sistematicamente impróprias para banhos de mar. Isso prova -- como se já não houvesse provas suficientes -- que um dos maiores problemas para as duas cidades banhadas pelas águas do Canal é o saneamento básico (ou a falta dele).

A Sabesp tenta fazer sua parte, em vão. A Prefeitura de Ilhabela parece especialmente disposta a melhorar significativamente esse problema a partir deste ano. Trata-se de questão de saúde pública e de economia. Sem mar limpo o turismo torna-se inviável.

Falecimento -- morreu nas primeiras horas da última terça (dia 27 de janeiro de 2009) meu avô Francisco Rocha. Turistas, veranistas e moradores que estiveram em Ilhabela nas décadas de 70 e 80 certamente conheceram o "Seu Chico", como era conhecido meu avô, pioneiro do ramo das farmácias em Ilhabela. Era ele o responsável por tratar turistas pegos por águas vivas ou com espinhos de ouriço no pé numa época em que sua farmácia era parte importante do sistema público de saúde. Em 2007 escrevi este post, que fala um pouco mais sobre ele.
http://ilhabela.blogspot.com/2007/10/planto-de-farmcias.html

O velho Chico fez parte da história de Ilhabela. Ele veio para esta cidade em 1973 e esteve à frente da Farmácia e Drogaria Esperança até o início da década de 90, quando se aposentou e passou a direção do negócio para os filhos.

Meu avô havia completado 86 anos no dia anterior ao seu falecimento. A fragilidade de seus últimos anos esconde uma vida vivida intensamente, com lutas e vitórias constantes, realização e plenitude.

Que fique com Deus e descanse em paz.

sábado, janeiro 24, 2009

O espírito da coisa


A verdade é que esta cidade não produz nada. As pessoas vêm para cá, divertem-se, consomem, produzem lixo e esgoto e vão embora — ou permanecem, para continuar fazendo essas coisas pelo tempo que seu apreço por este lugar perdurar. Tudo se resume a isso. Quase todas as pessoas que aqui vivem dedicam-se a tornar esse processo cada vez mais fácil: quanto mais pessoas vierem, maior será o faturamento, maior será a prosperidade superficial que nada devolve de positivo para o arquipélago. A verdade é que este lugar estaria melhor sem nós, sem o turismo, sem ruas rasgando-lhe o tecido, sem construções que demandam desmatamento, sem o esgoto que polui o solo e as águas, sem ocupações ordenadas ou desordenadas, sem a pressão sobre os limites de áreas preservadas e frágeis.
Leia na íntegra meu artigo mais recente no jornal Canal Aberto.

terça-feira, janeiro 13, 2009

Verão em Ilhabela: só para turistas


Tudo tem um preço, mas em Ilhabela isso pode ser bem pior.

Escrevi isto hoje na comunidade Ilhabela do Orkut:
Estive num restaurante de Ilhabela em novembro último. Consternado e contrariado, paguei R$3,00 por um latinha de refrigerante -- porque a sede e o momento pediam. No mesmo restaurante, neste verão, constato que a mesma bebida -- uma coca comum -- havia saltado para R$4,50. E uma reles garrafinha de água mineral beirava os R$4,00 -- algo que pode ser comprado em qualquer mercado por menos de R$1,50.

Eu gostaria de entender o que leva a isso. Sei que pesa muito a questão oferta x demanda e é natural que num restaurante uma bebida custe um pouco mais do que custaria num mercado, por exemplo. O que me deixa encafifado é que no mercado uma garrafa de água que custa, suponhamos, R$1,50, obviamente tem embutido nesse preço o lucro que o mercado terá, que em produtos desse tipo beira os 100%. Se esse mesmo produto que no mercado é vendido por R$1,50 é vendido por R$4,00 no restaurante, isto significa um lucro muitas vezes maior do que aquele obtido pelo mercado.

Alguns donos de restaurantes poderiam argumentar que isso se deve ao fato de que os custos de um restaurante serem maiores e os ganhos serem inconstantes (sazonais), enquanto que um mercado proporcionalmente tem custos menores e faturamento o ano todo. Mas eu vejo que esse tipo de argumentação -- se realmente existe e procede -- é usada para sustentar certos abusos.

Além do abuso que uma lata de bebida a R$4,50 significa, há também o fato de que isso praticamente afasta os moradores desses estabelecimentos, dado que a maioria dos moradores não tem o mesmo poder aquisitivo da maioria dos turistas que vêm para Ilhabela no verão. Isso não era para ser um problema sério, mas a presença constante dos moradores nesses estabelecimentos poderia justamente reduzir o problema da sazonalidade que esses mesmos estabelecimentos enfrentam fora das temporadas.

Não pretendo postular que regras devem ser criadas etc. etc., mas de minha parte simplesmente não vou mais a esses estabelecimentos ou, se vou, simplesmente não consumo nada cujo preço considero abusivo.

Ilhabela tem restaurantes ótimos com pratos excelentes e, de um modo geral, preços razoáveis pela qualidade desses pratos e de seus serviços, mas o abuso nos produtos cujos preços as pessoas raramente verificam nos cardápios (bebidas, principalmente) mostra o nível e as intenções dos gerentes. Todo garçom, aliás, é instruído a perguntar quatrocentas vezes se o cliente quer beber alguma coisa. Claro, bebida dá mais lucro que comida para os restaurantes.

(...) A oferta e a demanda explicam isso -- e a grande presença de turistas reforça a tese. O ponto importante é que isso não torna os preços justos. Oferta x demanda explicam, mas não justificam -- e acima do mercado pode estar o bom senso do comerciante (para cobrar preços justos) e do consumidor (de simplesmente recusar preços abusivos, mesmo podendo pagar por aquilo).

Eu não questiono valores de pratos (v. post do Eugen), porque sei que se trata de criação/produção particular. Vejo a gastronomia como uma espécie de artesanato, e o artista tem o direito de cobrar o que quiser. Se se trata de um PF ou de um lanche, a coisa muda de figura. Um x-burguer, a despeito das variações possíveis, sempre será um x-burguer e é razoável que o preço varie pouco.

De forma análoga citei o caso das bebidas -- uma coca em lata é uma coca em lata em qualquer lugar, seja no Aracati, no Free Port ou no DPNY. Muita coisa explica diferenças enormes de preço entre esses estabelecimentos, mas o que justifica essas diferenças? Nada.
Desnecessário comentar aqui o que escrevi por lá, mas talvez outros consumidores e alguns empresários queiram comentar esse assunto. Para isso, sirvam-se da área de comentários.

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sexta-feira, janeiro 09, 2009

Bons ventos



"No primeiro fim de semana de 2009, a solução mais genial para a fila recorde foi dar meia volta e aproveitar mais um dia em Ilhabela — em outras palavras, simplesmente estar no arquipélago. Quem permaneceu na fila já estava longe de Ilhabela, em algum lugar do continente."


Clique aqui para ler na íntegra meu artigo mais recente publicado no jornal Canal Aberto.

quinta-feira, janeiro 08, 2009

Aviso

Os links dos artigos indicados neste blog referem-se ao endereço antigo de meu site, já desativado. Por isso, eles não funcionarão.

Todos os artigos aqui indicados podem ser encontrados agora em meu novo endereço:

christianrocha.wordpress.com

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À parte isso, as atualizações neste blog continuarão normalmente -- às vezes esparsas, mas continuarão. Em breve postarei o link para o artigo desta semana.

A todos que me acompanham aqui, muito obrigado.

terça-feira, janeiro 06, 2009

Qual a surpresa?


De cima é até bonito.


Você se surpreende com as 9 horas de fila para a balsa, com os congestionamentos, com os assaltos, com o excesso de gente até para fazer xixi, com as praias bosteadas, com os barcos disputando espaço com os jet-skis disputando espaço com os banhistas disputando espaço com as mesas disputando espaço com os cachorros. Você se surpreende com tudo isso e não consegue ver, lá atrás, o começo disso tudo?

Na década de 80 já se anunciava que os próximos verões seriam exatamente como este têm sido.

O que me surpeende mesmo é tanta gente se surpreendendo porque descobriu que 1+1=2. Minha avó já dizia que quem planta vento colhe ventania.

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