quarta-feira, setembro 15, 2010

Nivaldo Simões

Nivaldo Simões faleceu em Campinas, na tarde de ontem, 14 de setembro de 2010. Segue a nota da Assessoria de Imprensa de Ilhabela:

Faleceu nesta terça-feira (14/9), às 15h, no Hospital de Campinas (SP), o secretário executivo da Fundação Arte e Cultura de Ilhabela (Fundaci), Nivaldo Simões, 54 anos. Autor do livro “Conto, canto e encanto com a minha história...Uma viagem pela história do Arquipélago de Ilhabela”.

Nivaldo vinha lutando contra uma infecção de causa ainda desconhecida. Escritor, historiador e grande amante das causas ambientais e culturais, ele foi Secretário da Cultura, diretor de Fiscalização Municipal e Presidente da Defesa Civil no período de 97 a 2000, no governo da ex-prefeita Nilce Signorini; de 2000 a 2004, foi diretor de Meio Ambiente da Prefeitura de São Sebastião. Atuou ativamente no processo de elaboração do Gerenciamento Costeiro do Litoral Norte.

Também adorava a comunicação, tanto que na década de 90, integrou a redação do Jornal Imprensa Livre, onde chegou a editor e ficou conhecido principalmente pela coluna “Curtas”. Foi colunista do extinto Jornal da Ilha, no qual tinha a conhecida coluna “Diário de um Ilhéu”. Há quatro anos ajudou a criar o Jornal Canal Aberto.

Seu livro sobre a história de Ilhabela é referência bibliográfica na rede de ensino do município. Nivaldo Simões deixa um filho, o professor de educação física Denis Simões. O velório está previsto para esta quarta-feira (15/9), na Câmara Municipal, na Vila.

A Prefeitura da cidade decretou luto oficial.

***

Não me lembro quando conheci o Nivaldo, mas sempre terei na memória sua grandeza -- como pessoa, como cidadão, como ambientalista e como apaixonado por Ilhabela, sempre disposto a defender o presente e o passado deste arquipélago.

Meus primeiros contatos com o Nivaldo vieram através do papel, com o Jornal da Ilha. Nós dois éramos colunistas desse jornal -- ele com sua coluna de curtas, mais tarde recriada no jornal Canal Aberto, que ajudou a fundar; eu, com artigos curtos sobre meio ambiente e outros temas.

Há cerca de quatro anos fundou o jornal Canal Aberto, em cujas páginas se manteve atuante e combativo, sempre afinado com as questões mais importantes do arquipélago. Mesmo que com pouco eco, repetia com freqüência que Ilhabela não era «uma ilha chamada bela», para que não tivéssemos dúvidas de que vivíamos num arquipélago e como alerta àqueles que tristemente insistiam em grafar «Ilha Bela».

O blog A Mandiqüera (que não sofreu os golpes da reforma ortográfica) permanece no ar, com crônicas que Nivaldo publicava entre uma e outra edição do Canal Aberto. Talvez seja possível encontrar também diversos posts de Nivaldo na comunidade de Ilhabela no Orkut. Ele raramente iniciava tópicos de discussão -- quase sempre os encerrava, colocando pingos nos is e deslocando a discussão das opiniões para os fatos.

Em dezembro de 2007 tive a honra e o privilégio de entrevistá-lo em ocasião de meu mestrado. Além de conhecer profundamente a história de Ilhabela (o que o levou a escrever o livro que hoje é cartilha das escolas da cidade), Nivaldo veio para Ilhabela antes da eclosão do turismo, da especulação imobiliária e do desenvolvimento urbano. Não apenas conhecia Ilhabela, mas vivia o lugar.

A entrevista que disponibilizo aqui é longa (aproximadamente 30 páginas) e trata mormente da evolução urbana de Ilhabela -- ora pendendo para as questões ambientais, ora para as questões políticas. Por ter sido realizada para o desenvolvimento de meu mestrado na FAU-USP, talvez não interesse a muitas pessoas. Àqueles mais afinados com as questões locais e que se interessam por Ilhabela e se preocupam com este lugar, esta entrevista é rica em histórias e valores que têm se tornado cada vez mais raros por aqui. Em suma, uma aula sobre Ilhabela.

A entrevista termina subitamente porque tive problemas técnicos naquele dia. Transcrevi apenas o conteúdo cujo áudio foi devidamente registrado. Apenas poucos minutos da entrevista não foram transcritos, o que significa que o essencial está registrado nesse arquivo.

Clique aqui para baixar a entrevista com Nivaldo Simões (PDF)

domingo, setembro 12, 2010

Lula, só no mar



Eu sou do tempo em que lula era o molusco cefalópode pescado com grande euforia no pier da Vila. A época em que as lulas eram mais abundantes atraía pescadores de outras cidades. Eis a principal colaboração das lulas a Ilhabela e ao turismo no arquipélago.

Os tempos mudaram. Leio no jornal Canal Aberto que a Prefeitura de Ilhabela está avaliando a possibilidade de dar o nome do atual presidente da República ao Centro de Convenções do município -- cuja construção foi iniciada recentemente no Pequeá.

Eu me pergunto se Lula -- o presidente -- teria trazido para Ilhabela benefícios maiores do que aqueles trazidos pelas lulas. Não encontro respostas. Na lista de realizações do Governo Federal em Ilhabela não encontro nada que se compare às aglomerações de turistas pescadores no pier da Vila. As lulas fizeram mais por Ilhabela do que o nosso presidente.

Mesmo que as lulas nada tivessem trazido de positivo para o arquipélago e tivessem ficado nadando discretamente no fundo do Canal de São Sebastião, bastaria comparar essa nulidade discreta com os dois maiores feitos do governo do PT para render aplausos aos moluscos.

O primeiro feito foi o Mensalão. Sobre isso, recomendo a leitura do livro «O Chefe», de Ivo Patarra, que pode ser baixado aqui ou adquirido na livraria da Folha. Basta dizer que os cabeças do esquema continuam livres, leves e soltos -- e gozam de confortável status no organograma do PT, que vê cada vez menos diferença entre partido e governo. E, claro, Lula sabia de tudo.

O segundo feito é a histórica parceria do PT com o que existe de pior na política latino-americana: ditadores como Evo Morales, Fidel Castro e Hugo Chavez e organizações terroristas como as FARC, o MIR (Chile) e o Sendero Luminoso (Peru) entre outras jóias da democracia do continente. Essa parceria não teria importância se não fosse algo especificamente elaborado para criar políticas estrutura supra-nacionais, cujo maior símbolo é o Foro de São Paulo. Em linhas breves, o Foro de São Paulo é o clube de comunistas da América Latina, organização de cuja aprovação depende a maioria das políticas dos países participantes (como o Brasil, Cuba, Venezuela e Bolívia). Em outras palavras, participar do Foro significa governar para o Foro, o que é o mesmo que trair o país e jogar a soberania nacional na lata do lixo. Isto já foi admitido pelo próprio presidente em discurso oficial.

Resumindo: em nível local ou regional Lula nada fez de notável; em nível nacional o presidente colocou o país de joelhos diante da nata da corrupção e do totalitarismo. E mesmo assim a Prefeitura Municipal de Ilhabela cogita dar o nome do presidente para o Centro de Convenções. A troco de quê?